terça-feira, 25 de dezembro de 2012

Uma reflexão natalina




O nascimento de Jesus: o ano zero do mundo ocidental





É Natal!

Certa vez escrevi uma frase bastante polêmica, que me valeu uma gloriosa rejeição de toda a família: se dependesse de mim, revogaria o Natal, o Revellion e o Carnaval.

Claro que não me referia à celebração da efeméride do aniversário de Jesus de Nazareth, de longe o mais polêmico, insinuante e ousado ser humano que colocou os pés neste planeta.

Para se ter uma idéia do poder desta criatura, tirante os dogmas etc e tal, ele veio ao mundo num pedaço de terra ocupado por um exército estrangeiro, dividido pela incompetência e pela corrupção de um governo dividido entre o fundamentalismo e, digamos o Herodes way of live, jamais escreveu uma linha sequer, não tinha internet, televisão, rádio ou sistema de amplificação de som. Ainda assim provocou um racha tão grande no pensamento dominante, que o nascimento dele marca o ano zero do mundo ocidental.

Gosto de ver o cristianismo pela ótica histórica: a oficina de marcenaria em Nazareth, a caminhada, a simplicidade de seus seguidores e a pregação meridiana. Depois o cisma com o judaísmo, patrocinado e elaborado sobretudo por Paulo, o surgimento da Santa Madre e em seu nome as barbaridades que se perpetraram.

Mais uma vez, o poder de Jesus é impressionante. A Igreja erigida em seu nome ungiu tiranos, patrocinou massacres, dizimou civilizações, apoiou a escravidão do homem pelo homem, perseguiu a ciência e o conhecimento, demonizou o progresso e a evolução. Mas, nada disso colou no homem de Nazareth, afinal o que a história mostra são as atrocidades feitas em seu nome, por homens comuns. Não por ele.

Jesus não teria se mantido vivo, não fosse a Igreja que surgiu como guardiã de seus ensinamentos. E esta Igreja não teria se mantido com poder e influência sobre 40% da humanidade, não tivessem seus integrantes, digamos, manipulado estes cânones de acordo com seus interesses, nem sempre diga-se, cristãos ao pé da letra.

Antes de Jesus, outro profeta, Moisés, precisou de um código rigorosíssimo para conduzir os judeus por 40 anos no deserto. Seria interessante ouvir a opinião do Príncipe do Egito sobre a sua Canaã, hoje transformada na Faixa de Gaza.

Aqui tem outra digressão curiosa. Árabes e judeus, todos descendentes de Abrahão, sempre se deram as mil maravilhas, até 1948, com o surgimento do Estado de Israel. Os cristãos por sua vez passaram dois mil anos perseguindo os judeus a quem chamam de deocidas e aos árabes a quem acusam de usurpar a Terra Santa.

Nem Moisés, nem Jesus, têm nada a ver com isso. Embora o código do primeiro tenha servido para a acusação que culminou no martírio do segundo.

A Santa Madre precisou de 1.960 anos para definir a opção preferencial pelos pobres. E mais algumas décadas para fazer uma auto-crítica sobre as barbaridades que perpetrou na história da humanidade.

Outro dia, acompanhei o prefeito Fernando Haddad a um almoço no SBT. Fomos recebidos com notável simpatia por Guilherme Stoliar e pela herdeira Patrícia. Sempre tive simpatia por Silvio Santos. O menino judeu pobre, que aproveitou o timbre da sua voz para conseguir um emprego de locutor nas balsas de Niterói. Depois camelo em São Paulo. Radialista e inventor do genial Baú da Felicidade, fonte e origem de toda a sua fortuna.

Haddad perguntou a Patrícia como ela tratava a questão religiosa na família. Filha que é de pai judeu e mãe evangélica. Humilde e serena a menina não perdeu a simpatia e saiu-se com essa:

- Nós praticamos o judaísmo messiânico.

Na essência, como diz o meu irmão Luiz Massonetto, trata-se do cristianismo. Mas, na prática, como o Brasil é a terra do sincretismo e da tolerância aos dogmas, acho que deve ser mesmo algo como um cristão que não come presunto.

Jesus como se sabe era judeu. Ao se revelar como filho de Deus, deu o pretexto para Caifás condená-lo por heresia e levá-lo à cruz. Mas, ao que se saiba, nunca degustou carne de porco.

Feliz natal para todos!               

domingo, 16 de dezembro de 2012

Os fantasmas de São Paulo



Pátio do Colégio: sementes de dois padres jesuítas





Uma amiga querida, muito querida, costumava me dizer sempre que São Paulo sentia a minha falta. Notório exagero muito mais atribuído à amizade e a saudade do que a verdade.

A minha volta a São Paulo, não posso esconder, me encheu de orgulho e de satisfação. Principalmente pelo fato de integrar a equipe do novo prefeito, este Arthur genial, que tirou Excalibur da pedra, e reuniu em torno de uma mesa redonda os cavaleiros de boa vontade decididos a salvar o Reino.

Otimismo e orgulho à parte, reencontrei um cenário de pesadelo. Aliás, recorrente. Sempre me vejo a caminhar em uma cidade em escombros, verdadeiro túmulo urbano, com prédios abandonados e pessoas vivendo e se alimentando da decadência. O que me aturdiu nestes primeiros dias foi o silêncio. O mais ensurdecedor silêncio que eu já vi.

Da minha janela no prédio da Caixa Econômica Federal na praça da Sé posso divisar toda a rua Direita. Incrível. As pessoas, poucas, andam de um lado para outro, na maioria das vezes aparentemente sem um destino fixo, em profundo silêncio. Nem o velho camelo com voz rouca que bradava todo o tempo:

- Barbeador americano. Lâmina Chic.

Sai para uma volta solitária, em um final de tarde quente, como tem sido todos estes finais de tarde. O charme e a pujança da antiga City Paulistana não existem mais. Alguns fantasmas me acorreram. Aqueles senhores de gravata borboleta na Casa Beethoven, no largo da Misericórdia, os quase artesãos da rua do Comércio, que em pequenos locais consertavam brinquedos, isqueiros, cachimbos ou canetas tinteiro, tipo Parker 24. Aquele pessoal de avental branco, que trabalhava na farmácia Viado D’Ouro ou na Casa Fretin. A estátua abandonada do patriarca, com ar de perplexidade, ou a tristeza de Giuseppe Verdi, ainda e sempre inspirado por um anjo a soar a lira da criação.

Todos estes doces fantasmas me receberam com carinho. Até a voz do pregador, sob uma caixa de madeira, a anunciar o apocalipse, parecia fora de sintonia.

São Paulo, esta Avalon adormecida, pode começar a se espreguiçar. Levanta e ocupa o teu papel de metrópole pulsante. De cidade líder em um continente que emerge. Rompe com os grilhões dos guetos. Enche os teus filhos de orgulho. Respira e assume o papel de Meca do ainda Novo Mundo.

sábado, 17 de novembro de 2012

Delírios de um repórter sóbrio. Ou quase!



Ilyushin com matrícula líbia interceptado em Manaus: armas para a A.Central





Todo jornalista que se preza desperta do torpor da manhã com a ambição de entrevistar um prêmio Nobel, de descobrir uma estranha operação de arrombamento em um edifício na capital da República, conhecer aquela bomb shell amante do senador evangélico que se mostra como um Quaker ou se transportar para uma cidade prestes a ser bombardeada pela Força Aérea Americana. Embora pareça marcada o tempo todo por aventuras, nossa atividade é quase sempre burocrática. No final do dia, sobram uma conversa com o ex-ministro Mailson da Nóbrega, dois ou três telefonemas com um assessor de imprensa, uma viagem pela internet e uma materinha de 20 linhas chupada do Diário Oficial.

O bom repórter sonha com um frenesi de informações e personagens. Gosta de se ver todos os dias nas páginas do seu jornal. E se diverte com o constrangimento que provoca quando chega, por exemplo, a um restaurante e obriga as pessoas a mudarem de assunto.


Bernstein e Woodward: notícia fria sábado de manhã

A grande notícia, a grande aventura, na maioria das vezes atropela o repórter. E para isso é preciso estar sempre preparado, com os poros abertos, contar com a sorte e muito, mas muito trabalho. Bob Woodward, por exemplo, estava com os dias contados no Washington Post quando foi destacado em um sábado de manhã para cobrir o julgamento de um bando de cubanos que na noite anterior tentara arrombar a sede do partido Democrata no edifício Watergate. Ele foi arrancado da sonolência quando percebeu que os acusados estavam sendo defendidos pelos melhores advogados da cidade.

Certa vez fui destacado para entrevistar o homem forte do Suriname. Era um sargentão, de nome Desi Bouterse, que dera um golpe de estado apoiado pela burguesia holandesa que ainda mandava na antiga colônia. Evidentemente eu me senti o próprio Hemingway quando embarquei num avião novinho da VASP para Manaus, onde faria a conexão com a Air Suriname. Não passava pela minha cabeça que Paramaribo era uma cidade barrenta, pobre, chuvosa. Um calor miserável. Na verdade, eu sonhava em encontrar a Lauren Bacall, com 20 anos é claro, e contar a história da minha vida.

Lauren Bacall: me esperava em Paramaribo

Mas, o destino reserva surpresas para um repórter. Quando o A300 pousou em Manaus, me chamou a atenção três aviões estranhos, com inscrições árabes, estacionados ao lado da estação de passageiros, embora fossem cargueiros e cercados por soldados armados.  Minha conexão era de seis horas e eu decidi procurar o responsável pelo aeroporto para saber do que se tratava.

- Olá! Que confusão é esta. Que aviões são esses?

O superintendente do aeroporto suava em bicas, embora o ar condicionado de sua sala estivesse no último volume. Claramente estressado começou a falar sem parar:

- Estes aviões foram interceptados pela FAB durante a madrugada. São de fabricação russa, matrícula Líbia, e aparentemente estão carregados de armas para alguma guerrilha na América Central.

Com um low profile artificial, muito bem encenado, me mostrei solidário ao funcionário do aeroporto e instiguei-o a me contar mais detalhes:

- Parece que um quarto avião, um Hércules, teve problemas na travessia do Atlântico e foi obrigado a aterrissar em Recife.  Ao fazer a manutenção, descobriram que ele carregava armas. Soou o alarme e dispararam uns F5 da Base de Natal para obriga-los a descer aqui.  

Ainda pensei um instante nos cabelos loiros da Bacall, que certamente me esperava em um obscuro e esfumaçado cabaré de Paramaribo. Em seguida zarpei célere para o comando militar de Manaus. Não passei nem da guarida.

Próxima parada: Polícia Federal. É fácil de imaginar a confusão que reinava. Toda a tripulação das aeronaves estava detida na delegacia. Um delegado me disse que o comandante de toda a expedição era um mercenário americano, mas que havia de tudo, líbios, palestinos, alemães e até chineses.

- Mas, do que eles são acusados? – perguntei.

- Não tenho a menor idéia. Recebi ordens para retê-los aqui e farei isso.

Um dos problemas de ser um repórter de revista é que uma história como essa não vai resistir até sábado.  Ninguém sabia o que estava acontecendo, ainda.

Voltei para o aeroporto. Não eram nem duas horas da tarde. Liguei para meu amigo e mestre Badaró, no escritório da ANSA-Agenzia Nationale Stampa Associata- em São Paulo:

- Badaró, te prepara. Vou te dar um furo sensacional.

- O que é Nunziotto?

- Pega uma máquina de escrever que eu vou ditar.

À medida que as palavras iam saindo da minha boca, ao ritmo do som das teclas da máquina de escrever do Badaró, eu ouvia suas exclamações:

- Puta que pario! Que história! Caramba!

Em poucos minutos, graças ao poder dos teletipos da agência nacional italiana, o mundo todo soube do que estava acontecendo. No início da noite uma horda de jornalistas nacionais e internacionais desembarcou em Manaus. Parecia a festa da mixirica.

Ainda me dei ao trabalho de ver do terraço do aeroporto o 737 da Air Suriname decolar. Lauren Bacall terá que esperar uma nova oportunidade.

Esta história continua..... 

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

O dia que Stravinsky fez o pau quebrar no Teatro Municipal de São Paulo

 Concertgebown de Amsterdam: uma das melhores orquestras do mundo



No universo fantástico da música, como de resto de toda a criação humana, chama a atenção aquelas obras que provocam um salto na compreensão. Algumas rompem com o estabelecido, outras estão tão à frente de seu tempo, que foge ao entendimento como puderam ser concebidas precocemente.

Evidentemente salta aos olhos a genialidade do Renascimento, sobretudo o teto da Capela Sistina, no Vaticano. Mais recentemente o grotesco do desenho de Toulouse-Lautrec ou de Vincent Van Gogh, misto de gênio e louco. São obras que provocam desconforto pelo inusitado, pelo arrojo e pela coragem.

Na música, Beethoven bonapartista entusiasmado, decepcionou-se com o bombardeio francês a Viena, rasurou a dedicatória e compôs uma destas obras luminares, a Terceira Sinfonia, chamada Heróica. Nada mais seria como antes depois disso. Richard Wagner costumava dizer que esta obra marcava a divisão dos mundos. Não se deve esquecer que o gênio de Bonn escreveria depois a quinta e a nona sinfonias, provavelmente mais conhecidas, mas que não arrastaram o inusitado.

Coco&Stravinsky: encenação do estrago

Outro dia, vi pela televisão ao filme Coco Chanel & Igor Stravinsky. A primeira cena do filme é a encenação do estrago provocado pela estréia de A Sagração da Primavera, em Paris, em 1913. Bale primitivo criado por Diaghlev, com uma música absolutamente revolucionária de Stravinsky. Clique aqui para ouvi-la

Foi uma destas noites memoráveis em que nada mais seria como antes. As primeiras notas do fagote, 16 vezes mais agudas que o natural, o ritmo primitivo e a sequência melódica sempre interrompida provocaram tremendo tumulto na audiência. De um lado, os impressionistas aplaudiam de outro os conservadores gritavam impropérios. Tudo terminou em troca de sopapos, com a polícia invadindo o teatro e toda aquela gente de casaca e cartola indo parar na delegacia.

Curioso é que Stravinsky depois daquela noite iria ainda escrever pelo menos três quartas partes de toda a sua vasta obra, que inclui uma ópera, música de circo, música de jazz ( um notável concerto dedicado a Benny Goodman, o Ebony Concert), várias sinfonias, obras de câmara, e por ai afora... Mas, nada seria tão marcante quanto aquela notável Sagração.

A capacidade de criar tumulto da obra de Igor Stravinsky atingiu até a paulicéia. Ainda me lembro, e eu estava lá, do notável concerto da Concertgebown de Amsterdam, no início dos anos 70, no velho Teatro Municipal. Havia uma grande celeuma porque os críticos haviam elegido a orquestra holandesa a melhor do momento, desbancando a Berlim, de Karajan, a Viena, de Sawallisch e a Nova York, de Bernstein.

Lobby da Phillips? Talvez.

O certo é que a orquestra lotou o teatro, mesmo com ingressos absurdamente caros. Lembro-me que ficamos, eu e o tio Quico, como dois pedintes na entrada das galerias à espera de um porteiro amigo que nos colocasse para dentro. A alma caridosa apareceu. Tivemos que assistir o concerto lá de cima, em pé.

Haitink: Lá de cima só vimos a careca

Quando o maestro inglês, Bernard Haitink surgiu no palco, só vimos o cucuruto da sua careca. Mas, aos primeiros acordes da Abertura Trágica de Brahms, eu já me convencera de que não era lobby porcaria nenhuma. Era mesmo uma orquestra que soava inteira; as notas eram todas ouvidas com precisão, os silêncios eram marcantes.

Mas, foi na segunda peça do programa que o clima esquentou. Nada menos que a Sinfonia para Instrumentos de Sopro, de ninguém menos do que Igor Stravinsky. Primeira audição no Brasil.

A música é inquietante, por vezes desconfortável, mas soava como se alguém quisesse gritar a inconformidade com a forma. As dissonâncias eram expressivas, redondas e marcantes. Pois acreditem, 60 anos depois daquela noite memorável em Paris, o pau quebrou no Municipal de São Paulo. Começou com vaias e apupos nas galerias, passou pelas cadeiras de foyer e atingiu o teatro todo. Teve gente que trocou empurrões.

Haitink foi até o fim. Impassível. Sabia o que estava fazendo e o que estava provocando.

No intervalo, mais discussão, briga e empurrões. Lembro-me que discuti muito com um grupo que insistia em dizer que aquilo não era música. E me lembro que o mais exaltado era o maestro Olivier Toni.

Serenados os ânimos fomos para a conclusão do programa. Uma bobagem! A Nona Sinfonia de Mahler. Quando acabou, com os inconvenientes reacionários já em casa, constatamos todos que acabáramos de ouvir um concerto memorável, com a melhor orquestra do mundo, e de quebra reeditamos, mutatis mutantes, aquela noite de Paris, em 1913, quando o mundo conheceu A Sagração da Primavera.



    

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Revolución en la escuela, sin discurso vacío



Lula e Haddad: foco para valer na educação levou ex-ministro à Prefeitura


Por Gustavo Iaies EXPERTO EN EDUCACION, DIRECTOR DEL CEPP

(Publicado no jornal CLARIN, de Buenos Aires, no dia 07.11.2012)


El domingo 28 de octubre Fernando Haddad, ex ministro de Educación de Brasil en la gestión del presidente Lula, fue elegido Alcalde de San Pablo por el Partido de los Trabajadores. Haddad, un economista de tradición marxista, llegó a la elección con un gran activo en su currículum: haber hecho una verdadera revolución educativa en su país .
De acuerdo al último informe de resultados de la prueba PISA, Brasil fue el país del mundo con mayores avances en materia de calidad educativa a lo largo de la última década .
La clave de la estrategia de Haddad está planteada en su Plan Nacional de Desarrollo Educativo: “Los datos del SAEB (evaluaciones de la calidad), antes eran muestrales y ahora son censales, pasaron a ser divulgados también por red (municipio) y por escuela, lo que ha aumentado significativamente la responsabilidad en la gestión de la comunidad de padres, profesores, dirigentes y de la clase política con el aprendizaje. Con eso, responsabilidad en la gestión y movilización social tornan a la escuela menos estatal y más pública ”. La idea del tándem Haddad-Lula es que lo público de la escuela no está dado porque el Estado pague los salarios, sino por el compromiso de la comunidad educativa con la mejora.
El programa brasileño le asignó una “nota” a cada escuela, el IDEB (Índice de Desarrollo de la Educación Básica) y las comprometió con su propia mejora.
Dicho indicador mide lo que los alumnos aprenden y, al mismo tiempo, la capacidad de las escuelas de retenerlos . El mensaje es: “ni mejorar los aprendizajes dejando afuera a los alumnos con más dificultades, ni retenerlos al costo de renunciar a la enseñanza”. Así, cada escuela sabe lo que se espera de ella: mejores aprendizajes y capacidad de contener las trayectorias educativas de los alumnos. Aquellas que mejoran tienen más recursos y más autonomía; las que no lo hacen, reciben mayor intervención estatal.
Esta revolución educativa requirió de un Estado que diera información y asistencia a las escuelas . El cambio, justamente, se centra en que todos los actores tengan información y a partir de la misma generen sus propias estrategias de mejora o pidan asistencia para implementarlas.
En diciembre, Haddad puso en marcha el programa Ciencia sin fronteras que envió a 100.000 jóvenes brasileños a cursar maestrías y doctorados a las mejores universidades del mundo. Cerró su discurso de lanzamiento diciendo: “No vinimos a confrontar con la elite brasileña, vinimos a agrandarla, y a que los nuevos no lleguen por origen sino por mérito”.
El triunfo de Haddad es un merecido reconocimiento de la sociedad paulista , un homenaje al coraje intelectual y a la construcción de un proyecto educativo progresista que superó las frases políticamente correctas y se concentró en transformar la realidad, en mejorar el futuro de los niños y jóvenes, o sea, el futuro de Brasil.
Sería bueno “mirar” esta experiencia, no para copiarla, sino para animarnos a emprender una verdadera epopeya educativa, menos centrada en el discurso y más, en la capacidad de transformar la realidad.

terça-feira, 6 de novembro de 2012

A rede social e o ato de fazer a barba


O click e a postagem na rede: imagens sem nexo de um personagem sem sentido




Normalmente não escrevo aqui sobre temas relacionados com Educação, por razões óbvias. Mas, não há como passar ao largo desta questão dos candidatos ao ENEM-2012, que, mesmo diante da proibição de portar telefones celulares, levaram o equipamento para dentro da sala do exame. Pior: ainda se deram ao trabalho de tirar e postar fotos nas redes sociais. Resultado: 37 dançaram no sábado e 28 no domingo.

Confesso que foge a minha compreensão esta compulsão idiota de postar nas redes sociais fotos triviais do tipo “eu estou aqui” ou “o bebedouro onde vou beber”. Isso na versão mais singela. Há aqueles que postam desde a sobremesa do jantar, até detalhes da intimidade da sua última conquista. O que explica isso?

Qualquer analista, por mais rastaqüera que seja, dirá que se trata de um narcisismo exacerbado. Até aí, nenhuma novidade, estão aí os realitys shows com sucesso desmedido. Realmente o mundo está ávido por saber quem come quem e onde. Mas, quando um candidato joga todo um esforço da família por anos a fio pelo ralo, sabendo que está sendo monitorado. Sabendo que no dia anterior, outros se deram mal. Isso não é narcisismo, é burrice.  

Alguém dirá que as redes sociais, o telefone celular e o mundo digital devassaram completamente a intimidade das pessoas. A intimidade e a individualidade. E tem razão. É o enorme preço da modernidade. Para o bem e para o mal.

Quem dentre nós, diante de um espelho, com a cara cheia de espuma de barba, numa manhã ressacada, não olha para o passado (ou até para o presente) e não contempla um segredo? Uma maldade inconseqüente ou uma deliciosa transgressão que guardamos lá no fundo da alma.

Esta reflexão me levou a um livro que eu li há muitos anos. Chama-se Retorno de um Soldado e foi escrito pela britânica Rebecca West. Trata-se da história de um potentado inglês, arrogante e prepotente, senhor de terras, absolutamente insensível, agressivo, intolerante, de nome Chris Baldry. Ele partilhava o seu poder com a esposa Kitty, que se alimentava da sombra do marido.

Por alguma razão desconhecida, este animal acaba incorporado à força expedicionária britânica que vai lutar a primeira guerra mundial na Bélgica. Uma granada alemã explode na sua trincheira. Ele não apresenta nenhum ferimento aparente, mas mergulha numa amnésia dos últimos 15 anos.

Quando volta para a  Inglaterra, não é mais o homem prepotente e arrogante que saíra. É, de fato, o que ele era na verdade, um cara tímido, inseguro, que nutria uma paixão descontrolada pela namorada, uma camponesa de nome Margaret. Além disso era assediado pela prima ardente, Jenny.

O que mais impressiona no livro é que o Chris que volta não sabe do Chris que foi. E é feliz. Com os amores da camponesa e os jogos com a prima.

Desnecessário dizer que a esposa perpetra a suprema maldade de revelar a verdade a ele.

A versão cinematográfica de Alan Bridges não é tão boa quanto o livro. Mas, tem Alan Bates, como Chris, Julie Christie, como Kitty, a super deusa Glenda Jackson como a camponesa Margaret e, ninguém menos do que Ann-Margret, como a fogosa prima Jenny.

Na verdade, todo este volume de informações da intimidade e da individualidade das pessoas que circula pela infovia é apenas um reforço do exibicionismo de cada um. Os tais cinco minutos de fama, ou 1.500 seguidores que curtem estas imagens, a maioria sem nexo e sem sentido. A verdade de cada um, aquela do espelho pela manhã, esta ainda não inventaram nada que revele.   
  

domingo, 28 de outubro de 2012

Marty e Papa: o grande amor pelo mundo




Nicole Kidmann e Clive Owen: caracterização perfeita, interpretação segura

Marty e Papa: na Finca Vigia em Cuba






Nove anos depois, Phillip Kauffmann voltou a dirigir. E fez um retorno  marcante. Com um excelente roteiro escrito por Jerry Stahl e Barbara Turner, US$ 27 milhões da HBO filmes  e um engajamento extraordinário  e raro do elenco estelar, onde despontam Clive Owen, Nicole Kidmann e até Rodrigo Santoro. O resultado é espetacular.

 Kauffmann conta a história de Ernest Hemingway e de Martha Gellhorne, sem ceder a apelos românticos, sem contemporizar com o perfil dos personagens e não leva em conta nem o fato de que, afinal, estava tratando de dois monstros sagrados para a telinha da televisão.

 Hemingway e Gellhorne é um tributo ao idealismo e a angústia permanente de pessoas que se dispõe a contar a verdade, ainda que tão impactantes como a vitória do fascismo na guerra civil da Espanha, a invasão stalinista na Finlândia ou a descoberta dos campos de extermínio na Europa, no final da Segunda Guerra Mundial.

 Uma coisa é certa, todos estavam na Espanha na guerra civil. Hemingway, Gellhorne, Robert Kapa, Orwell, Steinback e tantos outros. É neste cenário, sob as bombas alemãs que desabavam sobre Madri, que o genial e genioso Papa se apaixona por Marty. Ambos compartilharam a derrota dos republicanos.

 Hemingway se livra do seu segundo casamento com a chatíssima, mas marcante Pauline, mãe de dois dos seus três filhos, e vai viver com Marty em Cuba. Enquanto se entretinham com o trabalho  (Hemingway escreveu Por quem os sinos dobram na Finca Vigia) e percorriam o mundo – notável a história dos dois na China – no enfrentamento com o fascismo japonês ou alemão, tudo corria bem. Mas, nos intervalos marcantes pelo cotidiano do dia-a-dia, o confronto de personalidade dos dois se esgota.

 Entre os equívocos de Papa está a aversão aos mais de 300 gatos que Marty nutria; o assédio que Hemingway recebia do jet set americano (o que não aparece no filme, inclusive o episódio da nudez de Ava Gardner na piscina da Finca);  uma certa tendência ao politicamente incorreto e, sobretudo,   a culpa católica, herança de Pauline,  que lhe emprestava um sério sentimento de auto-destruição.    

 De todos os equívocos de Papa, o mais sério foi o confronto profissional com Marty para documentar a invasão da Europa em 44.

 Hemingway perdeu a mulher da sua vida  quando quis que ela ficasse em Cuba, enquanto ele estaria nas areias da Normandia. Para piorar, ele acabou ficando em Londres e Marty disfarçada de enfermeira foi para o front.

 O filme é perfeito, sobretudo na reconstrução de cenas, na utilização de imagens históricas. A beleza de Nicole Kidmann incomoda no começo. Kauffmann trabalhou muito para tirar o sex-appeal da atriz. Contou muito sua extraordinária interpretação e a vontade com que se entregou ao papel de Martha Gellhorn.
Vale a pena cascavilhar a programação da HBO e descobrir quando a emissora vai reprisar. Pelo menos até que a obra esteja disponível em DVD.

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Há 50 anos, o mundo esteve por um fio


Kennedy e Kruschov: contiveram militares de seus paises queriam outra guerra






Este mês de outubro serve para comemorar 50 anos de uma efeméride cuja dimensão as novas gerações não alcançam. Foram 13 dias em outubro de 1962 em que a sobrevivência do gênero humano sobre este planeta esteve por um fio. O que me inquieta é que toda vez que eu conto esta história, meus filhos me olham com aquele ar de superioridade e aquela sentença terrível: “Papai, você é um exagerado. Imagina o mundo acabar. Isso não existe, nem nunca existiu”.

Para os jovens que nasceram na década de 80 e subsequentes, a guerra fria é algo tão distante quanto a Guerra da Criméia ou a invasão de Portugal pelo general Junot. Todos se riem muito do filme dr.Fantástico de Stanley Kubrick, mas acham que se trata de uma comédia ficcional, sem qualquer relação com a realidade.

Pois acreditem. Foi por um fio. Na noite do dia 25 de outubro, Ken O’Donnel, o chefe de gabinete do presidente John F. Kennedy, abraçou sua esposa e bastante tenso proferiu a seguinte frase: “Se o sol aparecer amanhã, será unicamente por conta da boa-vontade dos homens”.

Apesar de ser irlandês. O’Donnel não exagerou. Na noite anterior, ele acompanhara o irmão do presidente, Bob, em uma audiência com o embaixador Dobronyn, que representava a União Soviética em Washington. Ambos entabularam uma jogada de altíssimo risco, que envolvia a retirada de mísseis estratégicos de Cuba e da Turquia e sustaram o ímpeto dos militares dos dois países que queriam acionar seus arsenais nucleares.

O'Donnel e Bob: protagonistas da crise
Tudo começou de forma singela. Um U-2, jato de reconhecimento da Marinha americana ao realizar um sobrevôo habitual sobre a ilha de Cuba, em um domingo, documentou fotograficamente a implantação de mísseis atômicos de médio alcance, capazes de em cinco minutos destruir todas as cidades da Costa Leste dos Estados Unidos, incluindo a capital. A informação açulou o ânimo guerreiro do Pentágono, sobretudo dos generais Maxwell Taylor – chefe do Estado Maior – e Curtis Lemay, comandante dos bombardeios táticos.

Os militares americanos acharam enfim o argumento que precisavam para justificar uma invasão a Cuba. Estavam em baixa por conta do fiasco da Baía dos Porcos, quando uma força paramilitar cubana, equipada pela CIA, tentou uma incursão militar contra Fidel Castro e quebrou a cara. Passaram a pressionar Kennedy para ter uma nova chance.

O presidente americano montou uma linha defensiva com o Secretário de Estado, Robert Mac Namara, seu irmão Bob, Adlai Stevenson  e Ken O’Donnel. Kennedy havia acabado de ler um livro intitulado Guns in August, de Barbara Tuchmann, que naquele ano arrebataria o Prêmio Pulitzer. Nele, a autora contava com detalhes como a arrogância dos militares franceses e alemães levou a conflagração da Primeira Guerra Mundial, de tal forma que quando o imperador Guilherme II quis suspender a invasão da Bélgica, já não conseguiu. Foram 13 milhões de mortos em quatro anos de um conflito que ninguém entende por que começou, mas cuja principal conseqüência foi a segunda guerra, com mais de 53 milhões de mortos.

Super espiao: Alexander Fomin
Kennedy estava, portanto, bem vacinado. O’Donnel que era um frasista de mão cheia, ao ver as fotos dos mísseis soviéticos, exclamou: “Interceptamos os porta-aviões japoneses a caminho de Pearl Harbour!”

Se, por um lado, há ampla documentação e até as gravações das reuniões de Kennedy com os militares americanos, do outro lado, ninguém sabe direito o que aconteceu no Kremlim. Uma das primeiras reações do presidente americano foi a de perplexidade: “Levando-se em conta que Kruschov não enlouqueceu e que, portanto, não quer levar o mundo a sua destruição, gostaria que alguém me explicasse o que isso tudo quer dizer”.

O super agente da KGB em Washington, Alexander Fomin (Feklisov), que desempenhou papel importante na crise, revelaria mais tarde que Kruschov teria sido vítima de um grupo de oficiais destemperados do Exército Vermelho. É bem provável. Mas, nunca saberemos ao certo o que ocorreu.

Fidel Castro: único protagonista vivo
Quando Fomin informou ao amigo Kruschov que Kennedy estava disposto a assumir publicamente o compromisso de que não invadiria nem daria guarida a quem quisesse invadir Cuba, desde que a URSS tirasse os mísseis de lá, o premiere russo escreveu a resposta de próprio punho. Mais tarde, a resposta formal do Kremlim, contraditou o mandatário soviético. Tal procedimento levou a CIA a concluir que os militares soviéticos haviam tomado o poder.

Para quem não sabe, data de outubro de 1962 este estúpido bloqueio econômico que até hoje atormenta a República de Cuba. A União Soviética não existe mais. A Guerra Fria também não. Todos os personagens envolvidos, exceto Castro, já morreram. Mas, esta maldade com o povo soberano daquela pequena ilha do Caribe ainda continua.

Há quem diga que Kennedy levou um balaço na cabeça de Lee Oswald em Dallas como retaliação da comunidade cubana nos Estados Unidos. Há mesmo quem diga que os militares não se conformaram com a enquadrada que levaram do então primeiro mandatário americano, que salvou o mundo da destruição nuclear. Meu mestre, o jornalista Elio Gaspari, apaixonado como eu por este período histórico, não acredita. Ele acha que Oswald agiu por conta própria. É um tema apaixonante.

Kennedy quando enfim resolveu a questão dos mísseis disse para Bob e Ken: “Agora já posso ir ao teatro”. Referia-se ao Teatro Ford, onde Lincoln foi assassinado por John Wilkes Booth ao final da Guerra de Secessão. Mas, só encontraria seu algoz em 22 de novembro de 1963, um ano e um mês depois.   

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Integração ou morte!

Convidado pela Associação Brasileira de Anunciantes para apresentar o "case" MEC de Comunicação Integrada, escrevi o texto a seguir que serviu de guia para minha apresentação. Claro que não me ative a ele. Mas, acho que dá uma boa visão do que entendo por comunicação pública.


Fernando Haddad lança PDE em Natal: integração a partir de uma ação de RP



Desde que assumi a Comunicação Social da Infraero, em janeiro de 2003, e agora no Ministério da Educação, onde desempenho o comando da Comunicação Social desde 2006, a integração das ferramentas tem sido uma tônica de todo o processo.

Com efeito, em termos de Comunicação Pública, a despeito das melhorias sensíveis conquistadas nos últimos dez anos, ainda trabalhamos muito mais apoiados no empirismo nosso de cada dia, do que baseados em relatórios de avaliação e de recall que nos possibilite avançar com segurança na implementação da arte de comunicar as políticas públicas do governo.

Integrar as ferramentas exige, sobretudo, uma disposição muito grande em enfrentar a solidão do cargo que exercemos nós, os comunicadores do governo, invariavelmente convencidos, não raro por nossos superiores, a não inventar moda e seguir a velha fórmula da publicidade e da assessoria de imprensa.

Esta fórmula bem batida da exposição aos órgãos de comunicação, apoiada por uma campanha publicitária, dirão os historiadores, remonta ao tempo do imediato pós-guerra, ou seja mais de meio século. Não vou me alongar nisso, não se preocupem.

Vou apenas chamar a atenção para, primeiro, as modernas ferramentas de relações públicas e sua implicação direta na mídia regional, e, sobretudo, a revolução digital, cuja maior característica é romper com a barreira do tempo.

Posso atestar que 80% das demandas de imprensa que chegam hoje ao Ministério da Educação – e são muitas, acreditem – se resolvem através do portal da Internet, um gigantesco paquiderme que tira o meu sono, mas que contém todas as informações relevantes das políticas públicas desenvolvidas.

Ter integrado o portal à política de comunicação foi uma vitória conquistada à duras penas. Afinal, todo técnico em computação, designer ou arquiteto de portal, ou especialista em TI, acha que a ferramenta é um brinquedinho com o qual eles se divertem, jogando o conteúdo sem qualquer conceito de urgência ou destaque.

Convencê-los de que há uma técnica relacionada a urgência e importância, que as informações respondem a uma prioridade jornalística, foi muito, mas muito difícil.

No Ministério da Educação nós conseguimos esta vitória e o portal do MEC passou de parcos 500 mil acessos, em 2006, para seis milhões hoje. Em momentos de pico, como o Enem, Prouni ou SISU, chegamos a barbaridade de 25 milhões de acessos, o que nos coloca entre os principais portais de conteúdo do país.

Quem me conhece sabe que não sou de dormir sobre os louros. Por isso mesmo, luto com a burocracia do Estado na tentativa de dar mais dinamismo e torná-lo ainda mais amigável. É um desafio e tanto.

Quando eu cheguei no MEC, um pouco antes da reformulação do ENEM, presidi uma reunião em que a área técnica do INEP me pedia a impressão de oito milhões de cartilhas com instruções sobre a prova. Diante da minha negativa, os diretores da autarquia argüiram que lançar mão dos meios digitais seria condenar o exame ao fracasso total.

Hoje cinco anos depois, todo o processo de inscrição e de informações do ENEM é feito digitalmente. E o exame é um sucesso, este ano coletou nada menos do que 5,7 milhões de estudantes.

Eu poderia ficar falando aqui de uma dezena de casos como esse. Mas, acho que falar das maravilhas da revolução digital e como ela transformou o processo de comunicação seria chover no molhado. Todos nós sabemos disso.

A ferramenta que realmente integrou todos os meios do Ministério da Educação e tornou-a bastante efetiva, entretanto, foi a Relações Públicas. Claro, com públicos tão definidos, como professores e gestores, além de uma rede rigorosamente capilar de 200 mil escolas, dois milhões de professores e 53 milhões de estudantes, 60 se contarmos os universitários e pós-universitários, 27 secretários estaduais de educação, mais de 5.500 secretários municipais, 27 conselhos estaduais de educação, dois mil conselhos municipais de educação, 59 universidades federais e 39 institutos federais de educação, eu posso dizer que, pelo menos o público primário do MEC, eu sei onde está.

Por esta razão, a integração das ferramentas relações públicas, publicidade e propaganda e jornalismo + internet funciona no MEC, mais ou menos como bula de remédio.

Para citar um caso de sucesso, e apenas a nível de ilustração, quando do lançamento do Plano de Desenvolvimento da Educação, um conjunto de 42 ações da creche a pós-graduação, que dependia da adesão de 27 governadores e consequentemente de 27 secretarios estaduais de educação, mais de cinco mil prefeitos e de outros cinco mil secretários de educação, além de diretores, gestores e professores, entreguei o planejamento da ação ao meu coordenador de Relações Públicas, que por acaso é o meu imediato no MEC.

O planejamento do Ary, em linhas gerais, estabelecia a realização de jornadas nos estados, com a presença em algum momento do governador e do ministro, mais os secretários envolvidos, dirigentes do MEC . Ao jornalismo competia a mobilização da imprensa local, com destaque para os comunicadores das rádios locais que receberam um tratamento especial. Receberam material específico, agenda de serviços, um quem é quem no ministério, uma longa explicação minha, ladeado pelos diretores locais da Abert e um almoço com entrevista do ministro.

A área de divulgação do MEC, ia com a precursora e bombardeava os meios de comunicação locais, jornais e tevês com material explicando o plano, as implicações, indicadores educacionais e etc... Claro que tivemos problemas com o amor próprio e com o regionalismo: os baianos, por exemplo, ficaram indignados em saber que o analfabetismo era o maior problema do estado, mesmo sendo a terra natal de Ruy Barbosa; os gaúchos ficaram inconformados em saber que o seu modo de vida não se refletia nas práticas educacionais como eles imaginavam.

Foi só a partir dos resultados da caravana pela educação que a publicidade passou a trabalhar uma campanha nacional de mobilização, envolvendo todos os atores do processo educativo.

Os resultados foram bastante expressivos. Tivemos a adesão de todos os governadores e de praticamente todos os prefeitos. Acho que menos de uma dezena decidiu que não iria firmar o acordo, por razões diversas.

Muito bem! Para concluir, se é que vocês ainda agüentam tanta cascata, quero retomar um tema que insinuei no começo da minha apresentação: a solidão do gestor da comunicação pública.

Com a evolução das ferramentas de comunicação social, a revolução digital e a velocidade de circulação das informações, já passou da hora do mercado reformular a sua base de negócios. Não dá mais para ficar elocubrando sobre mídia específica, público segmentado, ferramentas de relações públicas e de internet, formas eficientes de gestão de crise, divulgação propositiva de notícias e assim por diante, mas na hora do vamos ver aparecer apenas as soluções habituais: anúncio na tevê e em revistas e jornais.

Já padecemos pela falta de uma teorização efetiva sobre a comunicação pública. As vezes falamos para as paredes até dentro do próprio governo. Temos um regime de terceirização que não difere o fosfato do fósforo. Não temos como atrair as melhores cabeças do setor e ainda enfrentamos um regime de negócios de nossos parceiros que confronta com a inovação básica de integrar as modestas ferramentas de comunicação de que dispomos.

Muito obrigado.   






   

domingo, 30 de setembro de 2012

Uma receita do Vico D'Oscugnizzo




O ambiente radicalmente napolitano do Vico: receitas simples e saborosas




Diante do sucesso da receita do Spaghetti al Limone, recebi uma série de mensagens  com comentários sobre a simplicidade da receita e outros que pediam novas receitas assim, digamos, tão fácil de fazer.

Meu irmão Sílvio Lancellotti, gênios das panelas e um dos jornalistas mais competentes do planeta, ensina que a qualidade dos ingredientes é fundamental e que a mistura de temperos exige mais que intuição, conhecimentos mínimos de alquimia. Assim, o melhor é mesmo não misturar. Querem um exemplo?

Receitas tradicionais, algumas centenárias, misturam alho e cebola. Ainda que a minha mãe fique brava comigo, quando os dois ingredientes e misturam, invariavelmente tudo vira alho. Outra temeridade, misturar ervas ou pimentas.   Não é recomendável.   Quando uso uma erva, como rosmarinho ou basilicão ou orégano, uso apenas uma delas.

Isso posto vou reproduzir aqui uma receita mágica do meu amigo Beto Vizzone, do Vico D’Oscugnizzo, de São Paulo, uma agradável casa napolitana, na rua Arthur de Azevedo, quase na esquina com Henrique Schaumann. Trata-se de um clássico.

Spaghetti Corre e Fuge

1 pacote de spaghetti de grano duro;
500 gramas de carne moída de primeira, alcatre ou coxão mole;
Pimenta vermelha ou verde a gosto; peperoncino, dedo de moça, calabresa;
1 cabeça de alho, descascada e cortada na vertical;
1 galho de alecrim fresco
1 copo de azeite de oliva extra-virgem;
Sal a gosto

Modo de fazer

Atenção para cozinhar um bom macarrão é fundamental ter água abundante, mesmo que isso implique em ter paciência para esperar que ela ferva. Um pacote de spaghetti, apenas para se ter uma base, requer dois litros e meio de água, duas colheres de sal e uma de óleo de cozinha.

Aqueço o azeite, frito o alho até amorenar, coloco o rosmarinho (alecrim) a pimenta e frito a carne. Ao final corrijo o sal.

Escorro o macarrão, coloco em uma travessa, coloco a carne por cima e pulverizo com queijo parmesão ralado em lascas grossas. Cubro a travessa pelo tempo suficiente para chegar a mesa. Sirvo com um vinho de uva sangiovese ou um chianti.