Eu e Pepe em 1994, em um restaurante de Georgetown: que saudades! |
Soube na quinta-feira, no Rio, que quando o Jornal Nacional informou sobre a morte de José Meirelles Passos – Pepe para os íntimos, Meirelles o nome de guerra – todos os colegas da redação aplaudiram com entusiasmo e reverenciaram o amigo e o colega que nos deixou nesta semana.
Pepe era mesmo um amigão. Tratávamo-nos por compadres. Passávamos horas conversando sobre Graham Greene, Hemingway, Borges, Cortazar, Garcia Marques, Orwell e Gay Talese, uma de suas obsessões. Discutíamos jornalismo com entusiasmo.
Ele era um obstinado. Ainda me lembro que não raro enfrentávamos madrugadas difíceis. Esperávamos a edição de nossas reportagens na Istoé, pelo Tão ou pelo Mino, e saímos ao brilho do primeiro sol. Pepe ainda iria até a Estação Jabaquara pegar um ônibus para ir para casa. Ele morava em Santos!
E não importava se fizesse sol ou chuva, às 14 horas de sexta-feira lá estava ele para conferir nas provas a reportagem que havia fechado na noite anterior.
Pepe era um amigo incrível. Ainda me lembro quando ele se foi para Washington como correspondente de O Globo. E do encontro que tivemos na Copa do Mundo, em 1994. Havíamos ido para a capital americana, eu e o Silvio Lancellotti, para reportar Itália e México, 1 a 1. Na véspera, fomos a um restaurante em Georgetown, e nos esbaldamos de comer King Crab, tomar Samuel Adams e Jack Daniels.
Até hoje não me lembro como fui parar no hotel. No dia seguinte, Lancellotti amargava uma ressaca tremenda.
- Nunziotto, como chegamos aqui? - dizia-me o gordo Lancellotti no café da manhã.
- Pepe, só pode ser.
Depois nos encontramos na semifinal no Giant Stadium, em Nova York. Itália e Bulgária. 3 a 1 para os azzurros.
Na véspera, o Lancellotti implicou que queria comer a famosa mozarela de Hoboken. Pois viramos a cidade natal de Frank Sinatra, até achar a iguaria na estação ferroviária, onde degustamos largas porções regadas com cerveja Guiness e, claro, Jack Daniels.
Ficamos tão bêbados que eu demorei mais de hora para encontrar o Hilton de Newark, onde estávamos hospedados.
Foi uma noite memorável!
Pepe tinha uma calma soberana e dava a impressão que estava sempre degustando a vida. Jamais perdia a calma (que inveja!).
Perdi um amigo querido e um colega que me servia de referência para o jornalismo e para a vida. Que pena!
Como dizia a Anna Muggiatti, no paraíso dos jornalistas existe uma redação para a qual todos estamos convocados. Mas, é uma redação especial para cada um, onde a gente só vai trabalhar com as pessoas de quem gostamos.
Pepe, espero em Deus te encontrar na minha redação.
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