Tragédia inconsequente: jovens condenados a morte pela burocracia incompetente |
Começar o ano com esta
tragédia de Santa Maria não é, definitivamente, a melhor coisa do planeta. Às vezes me assoma uma enorme sensação de
insegurança e imprevidência. Aquele assassino que soltou o foguete de
sinalização dentro da sala, em meio a um êxtase funk gaudério, seguramente não
sabia que naquele momento iria condenar mais de 230 jovens à morte. E
certamente não foi a primeira vez que ele fez isso. Não contava com a espuma de
poliuretano usada para o isolamento acústico.
O poliuretano queima como
pólvora e exala um gás venenoso que mata em minutos. Some-se a isso, a falta de
sinalização da boate, as rotas de fuga (só havia uma) obstruídas, a
super-lotação. Tá feita a cagada.
Fiquei impressionado com
as declarações do Corpo de Bombeiros, da Brigada Militar e da Prefeitura de
Santa Maria. Todos disseram que o estabelecimento estava regular. Muito embora
o alvará estivesse vencido e uma olhada básica e neófita seria mais que
suficiente para condenar o local. E o prefeito, César Schirmer, que não deu as
caras em nenhum momento. Sequer foi visto. E ainda teve a desfaçatez de dizer
que a culpa foi do foguete sinalizador. Não diga!
É bem verdade que nada vai
trazer os jovens de volta. Mas, o prefeito, a banda, os donos da boate, o
comandante da Brigada e do Corpo de Bombeiros deveriam na melhor das hipóteses
ser confinados em uma cela por um tempo nunca inferior a sete mil anos, que é o
resultado da multiplicação da pena máxima por homicídio vezes o número de
vítimas.
Sempre tive certo
desconforto com aglomerações, populações desenfreadas, estas coisas. Não gosto
nem de sentar na janela de um avião. Quando entro em um ambiente fechado com
muita gente, tipo um cinema, logo procuro saber onde estão as saídas de
emergência, estas coisas básicas de sobrevivência.
O mundo realmente
enlouqueceu!
Domingo foi o dia Mundial
de Lembrança do Holocausto. Não faz tanto tempo assim. Seis milhões de judeus,
homens, mulheres e crianças, ricos e pobres, jovens e velhos, foram
exterminados pela insanidade nazista. Foi outro dia. Tudo começou na Noite dos
Cristais em 1938. Acompanhei o prefeito a uma cerimônia da Comunidade Israelita.
Como sempre ele brilhou ao citar Theodore Adorno, o grande pensador
contemporâneo alemão. Algo mais ou menos assim: Depois do holocausto, a humanidade perdeu o
tempo da utopia.
Estávamos todos
traumatizados com as informações de Santa Maria. Episódios dramáticos como este
convocam a responsabilidade dos administradores públicos. Nos obriga a refletir
sobre o papel que desempenhamos. Muitas vezes um carimbo e uma assinatura
indevidas, aparentemente burocráticas, podem na essência representar a morte de
centenas de pessoas.
Quem permitiu o
funcionamento de uma ratoeira do porte daquela boate Kiss e se omitiu no seu
papel de fiscalizar as condições, fez como aquele oficial nazista que carimbou
um papel e deu passagem a um trem carregado de judeus com destino a Auschwitz.
Indiretamente condenou todos à morte.
Olá, Nunzio! Pode me dar seu e-mail? Meu nome é Mônica Amoroso, meu e-mail monicaamoroso@uol.com.br
ResponderExcluirEnviei o e-mail, com a foto anexada, mas não tive resposta...não sei se você recebeu! Um abraço
ExcluirNunzio: Sou sua prima, filha de Vincenzo D'Angelo. Gostaria de falar com vc. Poderia me mandar email Ou FB ? Claudop@hotmail.com ?não se trata de nenhum pedido ou favor. Obrigada!
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