Cachoeira: o o que está por trás disso tudo? |
Ninguém é tolo o
suficiente para duvidar que grandes e não tão grandes interesses tem a incrível
capacidade de moldar a opinião pública, conduzi-la de acordo com sua pretensão,
seja ela política ou econômica. Os brasileiros de uma maneira geral costumam
ser levados, e a história prova isso, a formar opiniões, criar mitos, derrubar
outros e acreditar em verdades não tão verdadeiras.
Este episódio do
contraventor goiano Carlos Cachoeira é um exemplo claro de que a grande mídia
se curva a quaisquer interesses, desde que eles concorram para um objetivo
comum. Vamos deixar claro uma coisa: repórteres não são treinados a analisar o
pedigree das informações. Reconheço que a melhor lição de jornalismo que eu
recebi foi a famosa In qui Prodest (a
quem interessa) de Carlinhos Castelo Branco e depois de Mino Carta.
Há muita controvérsia
nesta história. Qualquer jornalista que tenha dois neurônios sabe que o crime
organizado, aqui, na América, na Europa, na Coréia ou no Japão, trabalha para
assegurar o seu negócio, seja ele o jogo do bicho, a prostituição, o tráfico de
mulheres, o comércio de drogas, o contrabando e assim por diante.
Poder político, claro.
Poder econômico, também. Diversidade de negócios, evidente. Mas, o foco de tudo
é sempre proteger o negócio principal, o negócio mãe: o crime.
Como é que um contraventor
de Anápolis arregimenta tanto poder, contrata todos os arapongas desempregados
de Brasília, estende suas atividades para uma empreiteira e coloca todo o seu
poder de influência no Congresso Nacional e no Judiciário, influencia
decididamente pelo menos dois governos estaduais, Goiás e Rio, e interfere
diretamente na edição da mais influente das revistas nacionais e indiretamente
em toda a mídia? E vai saber o que mais, no varejo do quotidiano.
Será possível que um
gangster goiano tenha conseguido a proeza de quebrar um dos mais antigos
paradigmas do crime organizado? Não creio.
Alguma coisa muito
estranha está acontecendo. O que ninguém conseguiu ver ainda é o crime
principal. Ou seja a verdadeira ação organizada que está por trás de toda esta
história. Com certeza não é o jogo do bicho em Anápolis. Muito menos a ação
depredadora de uma empreiteira, a Delta, que sequer inovou no sua forma de
atuação.
Temo que à medida que as
revelações aflorem, se é que isso vai acontecer, caminhemos para o mesmo
desaguadouro de sempre: a boa e velha pizza. Punem-se uns esbirros quaisquer e
preserva-se o verdadeiro crime organizado.
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