Pátio do Colégio: sementes de dois padres jesuítas |
Uma amiga querida, muito
querida, costumava me dizer sempre que São Paulo sentia a minha falta. Notório
exagero muito mais atribuído à amizade e a saudade do que a verdade.
A minha volta a São Paulo,
não posso esconder, me encheu de orgulho e de satisfação. Principalmente pelo
fato de integrar a equipe do novo prefeito, este Arthur genial, que tirou
Excalibur da pedra, e reuniu em torno de uma mesa redonda os cavaleiros de boa
vontade decididos a salvar o Reino.
Otimismo e orgulho à
parte, reencontrei um cenário de pesadelo. Aliás, recorrente. Sempre me vejo a caminhar
em uma cidade em escombros, verdadeiro túmulo urbano, com prédios abandonados e
pessoas vivendo e se alimentando da decadência. O que me aturdiu nestes
primeiros dias foi o silêncio. O mais ensurdecedor silêncio que eu já vi.
Da minha janela no prédio
da Caixa Econômica Federal na praça da Sé posso divisar toda a rua Direita. Incrível.
As pessoas, poucas, andam de um lado para outro, na maioria das vezes
aparentemente sem um destino fixo, em profundo silêncio. Nem o velho camelo com
voz rouca que bradava todo o tempo:
- Barbeador americano. Lâmina
Chic.
Sai para uma volta solitária,
em um final de tarde quente, como tem sido todos estes finais de tarde. O
charme e a pujança da antiga City Paulistana não existem mais. Alguns fantasmas
me acorreram. Aqueles senhores de gravata borboleta na Casa Beethoven, no largo
da Misericórdia, os quase artesãos da rua do Comércio, que em pequenos locais
consertavam brinquedos, isqueiros, cachimbos ou canetas tinteiro, tipo Parker
24. Aquele pessoal de avental branco, que trabalhava na farmácia Viado D’Ouro
ou na Casa Fretin. A estátua abandonada do patriarca, com ar de perplexidade,
ou a tristeza de Giuseppe Verdi, ainda e sempre inspirado por um anjo a soar a
lira da criação.
Todos estes doces
fantasmas me receberam com carinho. Até a voz do pregador, sob uma caixa de
madeira, a anunciar o apocalipse, parecia fora de sintonia.
São Paulo, esta Avalon
adormecida, pode começar a se espreguiçar. Levanta e ocupa o teu papel de metrópole
pulsante. De cidade líder em um continente que emerge. Rompe com os grilhões
dos guetos. Enche os teus filhos de orgulho. Respira e assume o papel de Meca
do ainda Novo Mundo.
assim espero ! sair das Brumas é o que São Paulo mais quer- assumir seu lugar de liderança será um premio a conquistar !e merecido!
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