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Phoenix como Theodoro: paixão por uma voz de um sistema operacional |
Vi Gravidade. É um bom filme. Nada de excepcional. Mas, mantém a
atenção e Sandra Bullock consegue não estragar tudo. Talvez por isso, a
Academia deu o Oscar de melhor diretor a Alfonso Cuáron. Vi também Ela. Opa! Aqui temos um trabalho
ultra-interessante, impactante mesmo.
O Oscar de roteiro
original foi merecidíssimo. Chama atenção a interpretação de Joaquin Phoenix.
E, sobretudo, a de Scarlet Johansson, que interpreta um personagem
extraordinário, uma voz.
Márcio Seixas, meu amigo,
mestre e gênio das dublagens, este é um filme que vai fundir a cabeça de vocês.
Para quem não sabe, Márcio
Seixas emprestou sua voz para diversos personagens da história do cinema.
Sempre com profissionalismo e talento. É dele a voz na versão em português de 2001 Uma Odisseia no Espaço. Ele
interpreta o super computador Hal 9000.
O filme de Spike Jonze
éuma viagem dentro da solidão. A trama é simples. Um escritor de cartas
manuscritas, divorciado, isolado no mundo, apaixona-se pela voz de um sistema
operacional digital.
Atenção. Ainda que pareça
improvável, vale a pena conferir os diálogos entre os dois personagens:
Theodoro, vivido por Phoenix, e a voz de Johansson. Não é apenas a relação
entre o homem contemporâneo e a tecnologia, como diz a peça promocional do
filme. É a busca do parceiro ou da
parceira certa, da cumplicidade e da amizade intensa, segura e
descompromissada.
Uma cena do filme
sintetiza esta angústia de Theodoro e diria de quase toda a torcida do
Flamengo. Ele se encontra em um bar com uma criatura. Os dois conversam
longamente, encontram-se, aparentemente, em um mundo próprio. Saem do local aos
beijos, a caminho de uma aventura sexual. A mulher, entretanto, questiona: “É
para ser uma relação séria. Não tenho tempo a perder”.
Pois bem. Ela não perde
tempo e cada um vai dormir em sua casa.
Em Blade Runner, o personagem vivido por Harrison Ford se apaixona por
um androide. Na versão do diretor, Ridley Scott, entretanto, ele também é um
humanoide e fica por isso mesmo. Aqui não.
Bem! Carnaval é uma época
de absoluta mediocridade e de exposição sistemática dos semi-famosos. Acho que
é assim desde a festa veneziana que deu origem a isso tudo, quando o lendário
Giacomo Casanova respondia com gáudio a ansiedade feminina.
A festa do Oscar, ainda
que involuntariamente, entrou no ritmo. Que show chato! Pior ainda foi a
discussão se Cuáron é mexicano ou Lupita Nyong’o é queniana. E, vamos combinar, Bette Midler
cantando em homenagem aos mortos do ano, chegou a ser insuportável.
A saideira dos festejos
momescos é a eleição das melhores escolas do Rio e de São Paulo. Para mim, o
carnavalesco do Vai-Vai já ganhou. Ter tirado um samba do enredo “Os 50 anos de
emancipação da cidade de Paulínea” equivale a ordenhar uma pedra.
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