terça-feira, 4 de março de 2014

A busca da parceira perfeita


 Phoenix como Theodoro: paixão por uma voz de um sistema operacional








Vi Gravidade. É um bom filme. Nada de excepcional. Mas, mantém a atenção e Sandra Bullock consegue não estragar tudo. Talvez por isso, a Academia deu o Oscar de melhor diretor a Alfonso Cuáron. Vi também Ela. Opa! Aqui temos um trabalho ultra-interessante, impactante mesmo.

O Oscar de roteiro original foi merecidíssimo. Chama atenção a interpretação de Joaquin Phoenix. E, sobretudo, a de Scarlet Johansson, que interpreta um personagem extraordinário, uma voz.

Márcio Seixas, meu amigo, mestre e gênio das dublagens, este é um filme que vai fundir a cabeça de vocês.

Para quem não sabe, Márcio Seixas emprestou sua voz para diversos personagens da história do cinema. Sempre com profissionalismo e talento. É dele a voz na versão em português de 2001 Uma Odisseia no Espaço. Ele interpreta o super computador Hal 9000.

O filme de Spike Jonze éuma viagem dentro da solidão. A trama é simples. Um escritor de cartas manuscritas, divorciado, isolado no mundo, apaixona-se pela voz de um sistema operacional digital.

Atenção. Ainda que pareça improvável, vale a pena conferir os diálogos entre os dois personagens: Theodoro, vivido por Phoenix, e a voz de Johansson. Não é apenas a relação entre o homem contemporâneo e a tecnologia, como diz a peça promocional do filme.  É a busca do parceiro ou da parceira certa, da cumplicidade e da amizade intensa, segura e descompromissada.

Uma cena do filme sintetiza esta angústia de Theodoro e diria de quase toda a torcida do Flamengo. Ele se encontra em um bar com uma criatura. Os dois conversam longamente, encontram-se, aparentemente, em um mundo próprio. Saem do local aos beijos, a caminho de uma aventura sexual. A mulher, entretanto, questiona: “É para ser uma relação séria. Não tenho tempo a perder”.

Pois bem. Ela não perde tempo e cada um vai dormir em sua casa.

Em Blade Runner, o personagem vivido por Harrison Ford se apaixona por um androide. Na versão do diretor, Ridley Scott, entretanto, ele também é um humanoide e fica por isso mesmo. Aqui não.

Bem! Carnaval é uma época de absoluta mediocridade e de exposição sistemática dos semi-famosos. Acho que é assim desde a festa veneziana que deu origem a isso tudo, quando o lendário Giacomo Casanova respondia com gáudio a ansiedade feminina.  

A festa do Oscar, ainda que involuntariamente, entrou no ritmo. Que show chato! Pior ainda foi a discussão se Cuáron é mexicano ou Lupita Nyong’o  é queniana. E, vamos combinar, Bette Midler cantando em homenagem aos mortos do ano, chegou a ser insuportável.


A saideira dos festejos momescos é a eleição das melhores escolas do Rio e de São Paulo. Para mim, o carnavalesco do Vai-Vai já ganhou. Ter tirado um samba do enredo “Os 50 anos de emancipação da cidade de Paulínea” equivale a ordenhar uma pedra.

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