A soprano uruguaia Maria José Siri: perfeita como a Aída de Verdi |
Gregory Kunde é um simpático tenor americano, dotado de
uma voz potente e límpida, com notável clareza e dicção perfeita. Ele foi o
Radamés da estréia de Aída, na noite de sexta 9. Esteve perfeito como o
guerreiro egípcio que se desgraça pelo amor a uma escrava etíope. Foi de sua lavra, livre da fantasia, a frase
que definiu a noite:
- Maestro, hoje à noite nós fizemos música!
Os cenários estiveram perfeitos, a maquiagem e os
figurinos também. A iluminação rica e expressiva como convém aos grandes
teatros. Mas, o que sobressaiu mesmo foi a performance dos cantores, do coro e,
sobretudo, o talento daquelas moças e rapazes escondidos no fosso e que fizeram a música de Giuseppe Verdi soar soberana, como deve ser.
Maria José Siri, a soprano uruguaia, uma menina mágica,
simpática e humilde, distante do perfil habitual das divas, arrebentou. Não
deixou pedra sobre pedra. O trio do terceiro ato, com Kunde e com o barítono
inglês Anthony Michaels-Moore. Aliás, desculpem, o terceiro e o quarto ato
foram magistrais. Perfeitos.
E o que dizer da Amneris da mezzo-soprano finlandesa
Tuija Knihtia. Que voz, que performance!
Gostaria de registrar, não sei o nome dele, o trabalho
maravilhoso do clarone (para quem não sabe a clarineta na clave de fá) uma das
deliciosas invenções de Verdi para Aída, que brindou a plateia com uma
intervenção espetacular.
John Neschling zeloso, atento, minucioso, parecia um
Toscanini ou um Beecham. Regeu com suavidade, entrelaçado com o espirito do
maestro Verdi. Divertiu-se. Fez muita música.
Obrigado Johnny, que noite memorável!
A cereja do bolo ficou para a perplexidade das minhas
filhas Carolina e Nina, do Theo, filho do Toni e da Débora, e da Victoria, do
Luís e da Luciana.
De quebra, minha irmãzinha Heloísa Ballarini documentou
com um ensaio fotográfico os ensaios. Em breve o seu trabalho maravilhoso
estará disponível na internet.
Obrigado Helo, por tudo. Vamos em frente!
Amigos, ainda têm mais oito apresentações de Aída. E
tem mais por ai. Em breve teremos a história de um cavalheiro sedutor que
barbarizou em Sevilha, contada por Lorenzo da Ponte e musicada por ninguém
menos que Wolfgang Amadeus Mozart.