domingo, 4 de agosto de 2013

Enfim, chegou a semana de Aída


O portentoso segundo ato de Aída: a marcha triunfal de Radamés






Depois de 60 dias bastante intensos, finalmente chegou o dia da estréia de Aída, no Theatro Municipal. Nem preciso dizer que sinto uma profusão de sentimentos que variam de orgulho, preocupação, ansiedade e assim por diante. Confio muito no maestro Neschling e sei que ele fará o melhor. É a primeira produção lírica do Theatro em 18 anos.

Aída é uma ópera peculiar. O maestro Verdi já havia se recolhido a sua fazenda e cuidava apenas de grãos e galinhas ao lado de sua companheira Giuseppina, aparentemente sem dar muito trato a uma proposta do Teatro de Ópera do Cairo para escrever uma grande ópera para comemorar a inauguração do Canal de Suez. Depois de D.Carlos e La Forza del Destino, o maestro já com mais de 80 anos imaginava descansar a pena.

Ainda assim, Verdi pediu para Antônio Ghislanzoni escrever o libreto a partir de uma sinopse de seu amigo Camille du Locle. Mas, deixou tudo guardado numa gaveta.



La Stolze: furacão na vida de Verdi
Foi então que um tufão entrou em sua vida. Uma soprano alemão chamada Tereza Stolze, no auge de seus 20 anos, foi a Milão encenar Lohengrin, de Richard Wagner, e fez questão de visitar o maestro em sua fazenda. Verdi se encantou com a moça e decidiu abrir a gaveta.

Meu pai e meu avô, ambos apaixonados por Verdi, costumavam ressalvar que a produção do maestro se dividia em dois grupos: em um onde estariam as óperas mais inspiradas estão Aída, Falstaff, Rigoletto, MacBeth e Otelo. Stolze teria inspirado não só a escrava etíope, como também a infeliz Desdemona. Daí é fácil imaginar o impacto que ela provocou.

Aída é colorida, vibrante, inspirada. São quatro atos, divididos em duas cenas cada. Os dois primeiros são bastante pirotécnicos com massas corais, bales, árias portentosas e vigorosas. Os dois últimos são mais inspirados delicados, exigem mais da orquestra e dos cantores. Destaques importantes: a primeira ária do tenor Se quel guerrier io fosse e da soprano Ritorna Vincitor. A minha parte preferida é o dueto do terceiro ato, Pur ti riveggo, mia dolce Aida. E evidentemente o dueto final no quarto ato O terra, addio; addio, valle di pianti.

Em termos de gravações fonográficas, Pavarotti, Bjoerling, Bergonzi, Gigli, di Stephano, todos se saíram muito bem no papel de Radamés. E todas as grandes divas do século XX estiveram no papel da escrava etíope. Mas, para mim a versão definitiva é do maestro Georg Solti com a ópera de Roma, tendo o tenor canadense Jon Vickers e a soprano americana Leontyne Price nos papéis principais.


O ano promete muito ainda. Depois de Aída, será a vez de D.Giovanni de Mozart, o Ouro do Reno, primeira ópera da tetralogia wagneriana, Jupyra e Cavalleria Rusticana numa só noite e a clássica La Boheme, de Giaccomo Puccini. 

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