sexta-feira, 11 de dezembro de 2015


O Aedes Aegipti: vilão de doenças, legado que os portugueses trouxeram da Africa






Houve um tempo em que as crianças iam para cama, ajoelhavam-se antes de dormir e pediam ao papai do céu que zelasse para que os malucos da Casa Branca, em Washington, ou do Kremlin, em Moscou, não acabassem com o mundo e a humanidade em algum surto de madrugada.  Foram tempos duros que começaram no dia que os americanos explodiram as duas bombas no Japão em Hiroshima e Nagasaki, 6 de agosto de 1945.

Esta neurose acabou nos anos 90, quando enfim o Muro de Berlim foi para o chão e a chamada Guerra Fria, ocidente-oriente, leste-oeste, capitalistas-comunistas, azuis-vermelhos, acabou.

Pessoalmente sempre achei que a humanidade era uma construção extremamente elaborada para que um maluco acabasse com tudo ao apertar um botão. Mas, acho que o mundo pode acabar de forma muito mais prosaica, por conta de um mosquito como o Aedes Aegypti ou uma maldita pulga de um rato.

O Aedes é um inimigo antigo do Brasil e do mundo.  Ele foi responsável, por exemplo, pela epidemia de febre amarela no Rio de Janeiro no início do século XX. Este ser infeliz chegou ao país no século XVII, provavelmente em navios negreiros, que, claro, vinham da África. Mais uma herança genial dos portugueses. As vezes acho que o terremoto de 2 de novembro de 1755, foi pouco pela desgraça que os lusitanos impuseram ao mundo.

Os primeiros casos de febre amarela surgiram em 1685 no Recife e, em 1692, em Salvador. Entre 1849 e 1850 surgiu a primeira grande epidemia, que atingiu quase todo o pais.

No final do século XIX um cientista cubano, Carlos Juan Finlay descobriu que a porcaria da febre amarela era transmitida pelo Aedes Aegypti . Não tinha nada a ver com o clima, o solo ou os ares. Entre 1880 e 1889 o aedes vitimou com a febre amarela 9.376 pessoas.

Oswaldo Cruz: brigadas sanitaristas
O sanitarista brasileiro Oswaldo Cruz conhecia o trabalho do dr.Finlay e sabia que o presidente Rodrigues Alves havia perdido um filho para a febre amarela. Por isso não foi muito difícil convence-lo de que o combate sem quartel ao mosquito era a única forma de livrar o Rio de Janeiro da febre amarela.

Nomeado diretor do Departamento Nacional de Saúde Pública, o sanitarista paulista criou as brigadas do Serviço de Profilaxia da Febre Amarela, formada por sanitaristas, que não tinham nenhum prurido em invadir residências e propriedades privadas para atacar os focos do Aede Aegypti. Lavavam caixas d’água, jogavam inseticida em ralos e bueiros, limpavam telhados e calhas, instalavam redes de proteção. E se encontrassem alguém doente ou contaminado pela doença processavam imediatamente o seu isolamento.

Foi uma gritaria danada. Mas, o danado do Aedes foi para o espaço. O Rio se livrou da febre amarela. Mas, Oswaldo Cruz ainda teve que lidar com a varíola e com gripe espanhola, que vitimaram milhares de brasileiros. Em tempo: o presidente Rodrigues Alves tombaria morto,  vítima da gripe espanhola.

O Aedes voltaria apenas nos anos 80. Este desgraçado é o responsável pela dengue. E agora pela chicungunha e pelo zika vírus, que entre outras coisas, provoca má formação de cérebros, a chamada microcefalia, e a Síndrome de Guillan Barret, uma estranha doença que simplesmente liquida com as membranas que delimitam as células musculares.  Uma beleza!


Rodrigues Alves: vítima da gripe espanhola
São Paulo deve ter no próximo ano, segundo cálculos baratos, mais de 150 mil casos de dengue. Há focos do maldito mosquito em toda a cidade. Cerca de 80% deles dentro do ambiente residencial.  Ou seja, se cada morador tiver um mínimo de bom senso e seguir as normas mais que conhecidas: não deixar água parada, cobrir reservatórios, cuidar de vasos, plantas e flores, pneus abandonados, calhas, etc... A gente acaba com o maldito.

Não vai acontecer. Tem gente que se nega inclusive a permitir que os agentes sanitários entrem nas casas para verificar. Tem gente que apesar dos mais de 100 ecopontos, prefere jogar lixo na rua. São Paulo gasta mais de R$ 1 bilhão por ano apenas para varrição de vias públicas (!!!!!!!!) Absurdo total.


Como as crianças do tempo da guerra-fria, agora é rezar para o inverno chegar logo e rigoroso. A única coisa que acaba com este infeliz é uma sequencia de cinco dias com temperaturas abaixo dos 15 graus centígrados. Foi o inverno rigoroso de tempos de antanho que manteve São Paulo longe da febre amarela.            

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