quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

GIANNIIIIIIIIIIIIIII....... Addio!



Mais um dos grandes que vai para a eternidade: "Io ero Sandokan"






Droga! Sinto-me cada vez mais sozinho. Agora com a morte de Ettore Scola parece que um pedaço de mim morreu também. Genial a manifestação do grande Juan Campanella: “Obrigado Ettore, por ter mudado minha vida”.

Faço minhas as palavras dele.

Parece incrível que eu ainda me lembre da noite escura e chuvosa em que, um moleque besta como eu, desceu as escadas do antigo Cine Coral na rua Sete de Abril, para ver um estranho filme chamado “Nós que nos amávamos tanto”. Título engraçado pensei.

Quando eu sai do cinema, duas horas e algumas existências depois, eu não era mais o mesmo. Nunca mais seria. “Gianniiiiiiiii.....”

Assisti este filme mais de 50 vezes. Tenho uma cópia em DVD que deve estar até gasta. Nunca me canso. ...”E io ero Sandokan!”

Scola abriu a minha mente. Me ensinou que coisas sérias não precisam ser ditas com a tonitronicidade (xi, inventei isso agora, quer dizer de forma tonitroante) do Sinai. E sim com bom humor, humanidade e tolerância. Coisa que a esquerda latino-americana nunca aprendeu. Sempre se levaram muito a sério.

Dois outros títulos de Scola me impactaram sobremaneira. “Feios, sujos e malvados”, tranquilamente a melhor interpretação de Nino Manfredi. E o abismal “Um dia muito especial”, em que Marcello Mastroianni e Sophia Loren retratam angustia e ansiedade da forma mais realista que eu já vi. Só um gênio de outro planeta para fazer uma dona de casa, careta e fascista, estuprar um radialista, gay e comunista, no dia em que Adolf Hitler visitava Roma.

Já falei de três filmes fora de série, muito acima da média. Mas tem mais: “As aventuras do capitão Trovão”, que consagrou o grande Massimo Troisi. E uma bobagem, “Casanova e a Revolução”, fantasia sobre a fuga de Paris do famoso galanteador veneziano, decadente e impotente, vivido por Mastroianni e co-estrelada por ninguém menos que Hanna Schygulla.

Estes cinco, como dizem os italianos, podem ser chamados de capo lavoro. Ao todo foram 40 filmes em uma carreira brilhante que termina com a homenagem prestada ao grande Federico Fellini, seu mestre e de nós todos, com o agradabilíssimo “Que estranho chamar-se Federico”.

Tenho certeza que gênios como Scola não desaparecem com a morte. O seu espírito, sua inteligência e sua sagacidade devem ter ido para um lugar especial onde já estão, o próprio Fellini, Monicelli, Pietro Germi, Pasolini, Visconti, entre outros.


E quando bateu na porta deste lugar, Ettore ouviu do outro lado: “Giannnnnnnni.........”

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