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Ataque da Cavalaria Ligeira na Criméia: cenário para uma noite no Pacaembu |
Um dos mais instigantes
slogans comerciais do passado teima em me provocar reflexões cotidianas.
Afinal, Tostines é fresquinho porque vende mais, ou vende mais porque é
fresquinho?
Quinta-feira junto com meu
irmão André e meu sobrinho Arturo, e, sobretudo, por pressão deles, voltei depois
de mais de 10 anos a um campo de futebol. Fui ver Palmeiras e Libertad, no
glorioso e sempre belo Estádio Municipal Paulo Machado de Carvalho, o Pacaembu. Fiquei, em um primeiro momento impressionado
com o número de bedéis, empoderados sabe
deus por quem, que conduzem a massa ( e havia quase 40 mil pessoas) para lá e
para cá. Aos gritos de pode e não pode.
Também me chamou a atenção
o volume de soldados e oficiais da Polícia Militar, não tanto pela presença
deles, mas pela postura ostensiva, equipados com aparatos de última geração
tecnológica na repressão a turba. Claro, havia cavalos, muitos, tantos que reduziriam
a Cavalaria Ligeira Britânica na Criméia a uma tropa.
Cavalos são ferramentas
eficientes no controle da massa. Bem me lembra meu colega e amigo Leo,
secretario de assuntos internacionais da Prefeitura: “Cavalo tem em estádio em
todo o mundo”. E é verdade. Ficam em um canto, pacíficos e despercebidos,
prontos para intervir na primeira necessidade.
Óbvio que no Pacaembu não
foi assim. Os garbosos cavalarianos da Policia Militar desfilavam em meio os
torcedores como se fossem soldados teutônicos,
atrapalhavam o trânsito de veículos e pessoas, empinavam os animais e
promoviam um show de habilidade como se fossem Roy Rogers ou Hopalang Cassidys,
ou cowboys tupiniquins, com o perdão do comparativo. Não tenho nada contra
cowboys e menos ainda contra os índios tupiniquins.
Tá bom. Era um jogo de
risco. A derrota poderia provocar uma inconformidade na massa. A Polícia
Militar está lá para zelar pela segurança. Torcedores de futebol são seres
irascíveis. Tudo isso é verdade. Mas, em nome de 40 mil palmeirenses que foram
ao Pacaembu na quinta passada, quero registrar meu protesto. Não gostei nada,
nada, de ser tratado como gado, apartado por cavalos e cavaleiros. Não sei se
Tostines vende mais porque é fresquinho ou é fresquinho porque vende mais.
Quero comer meu biscoito em paz e com civilidade.