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Brendan Gleese, como Churchill: sua versão é bastante idealizada e atraente |
Há uns anos atrás, eu ainda
estava em Brasília, quando perguntado sobre quem considerava fosse o maior
estadista do século XX, não hesitei um minuto: Winston Spencer Churchill.
Quase fui massacrado.
Churchill um conservador. Um defensor do estado mínimo. Um sujeito intolerante
e intolerável. Estava perdido na história da II Guerra Mundial.
Nada, entretanto, abalava a
minha convicção. Tinha lido um pequeno livro que eu comprei num sebo com todos
os discursos dele no período da guerra, lido um par de livros que ele mesmo escreveu,
incluindo sua auto-biografia. Ninguém que se expressasse daquele jeito ou
escrevesse daquela maneira poderia ser menos que um gênio total. Inigualável.
Mas, os cães passam e a
caravana ladra, ou seria o contrário¿ A Inglaterra por alguma razão, melhor, a
história da Inglaterra virou a cereja do bolo. Tudo começou com dois baita
filmes: A Rainha, onde Helen Mirren, sempre ela, maravilhosa e perfeita, faz
uma Elizabeth II espetacular. E o Discurso do Rei, em que Colin Fith faz um
Jorge VI (pai de Elizabeth e Margareth) espetacular – isso sem falar em
Geoffrey Rush, que faz o terapeuta australiano que tratou da gagueira real.
Ai, de repente, nada menos do
que cinco filmes sobre sir Winston. A saber:
·
The Gathering Storm – com Albert Finney
·
Into The Storm – com Brendan Gleese
·
Chuchill’s Secret -- com Michel Gambon
·
Churchilll – com Brian Cox
·
Darkest Hour – com Gary Oldman
Ainda teve John Littgow na
primeira temporada da série The Crown. Aliás, quem viu a série deve se lembrar,
o episódio do Fog foi espetacular.
Todos os cinco, ou seis
atores, foram muito bem ao incorporar o bull-dog inglês. O de Albert Finney
parece profético. O de Brendan Gleese é o mais idealizado. O de Michel Gambon o
mais fragilizado. O de Brian Cox, o mais inseguro e assustado e o de Gary
Oldman o mais seguro. A cena de sir Winston (verdadeira não foi inventada) no
metro de Westminster a fazer consultas aos populares, sobre o que eles achavam
de propor um acordo de paz para a Alemanha, é espetacular.
Acho que o roteirista de
Churchill exagerou um pouco e fez um primeiro ministro excessivamente assustado
com a Overlord. Nem Eisenhower estava tão seguro da invasão da Normandia. E de
Gaulle foi totalmente contra.
O Churchill de Michel Gambon
conta o episódio do AVC, que ele escondeu da rainha e da opinião pública. E o
de Brendan Gleese é bastante idealizado e mostra um Churchill inseguro com o
resultado das urnas que, afinal, iriam derrota-lo. Albert Finney mostra um
político seguro do futuro que se desenhava na Alemanha de Hitler.
Para entender sir Winston é
fundamental estudar um pouco o final da era vitoriana. Aliás, recomendo também
as duas temporadas de Vitória-A vida de uma rainha, disponível no Now.
Faz falta no mundo um
estadista como sir Winston Spencer Churchill. Em qualquer de suas facetas, com
todos os estereótipos e geniosidade. Vou concluir com uma de minhas frases
prediletas. Pressionado pelos conservadores, que preferiam um acordo de paz com
a Alemanha de Hitler, ele saiu-se com essa: “Vocês não aprendem mesmo. Quantas
vezes terei de dizer que não se deve dar abrigo a ditadores, por mais poderosos
que sejam e por mais que nos ameacem¿”