quarta-feira, 1 de agosto de 2012

O mundo um pouco mais medíocre


Gore Vidal (1925-2012): uma terrivel sensação de solidão




Recentemente tenho me abatido muito com o passamento de amigos e, sobretudo, dos ícones que tanto povoam o meu imaginário e que foram tão importantes na minha formação. Fiquei acabado com a informação de que Gabriel Garcia Marques está com demência senil. E foi quase insuportável saber que Gore Vidal deixou esta vida.


Algumas pessoas se surpreendem quando eu digo que cogito acreditar na reencarnação. E outras se mostram inconformadas com uma minha tendência, digamos espiritualista. Até porque embora eu admita uma admiração muito grande por Alan Kardec, não me sinto preparado para me definir como seu seguidor.


Prefiro acreditar que existe uma dimensão onde o princípio inteligente de gente como Jorge Luis Borges, Julio Cortazar, Ernest Hemingway, George Orwell, Oswald e Mário de Andrade, Anita Malfatti e Tarsila do Amaral, pessoas que tanto contribuíram para o pensamento humano, se encontram depois desta vida. Se existir mesmo, quero o meu lugar nem que seja para servir cafezinho. No caso do velho Ernie, posso até preparar o seu gin, e olha que sou campeão nisso.


A morte de Gore Vidal me inundou de uma sensação de solidão, de uma tristeza muito grande. Embora ele tenha morrido com 86 anos e nos quatro últimos tenha vivido atrelado a uma cadeira de rodas, o seu desaparecimento torna o mundo muito, mas muito mais medíocre.


Vidal escrevia como um deus. Fez dupla com ninguém menos do que Francis Ford Coppola no roteiro de Patton e escreveu outros roteiros cinematográficos mágicos como Paris está em chamas. Adaptou De Repente no último verão do seu amigo Tennesee Williams.


Palimpsest, seu último livro, uma espécie de memoire de sua existência é uma obra prima. Mas, desafio meus seguidores a ler Williwaw, que ele escreveu quanto tinha 19 anos, a bordo de um navio, durante a Segunda Guerra Mundial. Foi seu primeiro romance. E mostrava bem o que viria pela frente.  


Vidal era um crítico contumaz do imperialismo americano e merecia o Nobel de Literatura há muito tempo.

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