sábado, 19 de outubro de 2013

Quem estes caras pensam que são?

Garrincha e Pelé, na Copa de 58: dois personagens biografaveis
Antes de mais nada, quero me desculpar com os poucos seguidores deste blog por ter me mantido ausente tanto tempo. Problemas técnicos e de inspiração. Apenas isso.

Chega a ser impressionante o que se gasta de papel, tinta e espaço na mídia esta esdrúxula discussão sobre biografias. Pior ainda é que a questão evolui para o direito da privacidade, o poder dos olimpianos, é muita bobagem para relés mortais.

Vamos combinar, quem tem notoriedade – e se locupleta dela – abre mão deste direito a privacidade. Que conversa!

Ninguém em sã consciência estará interessado em ler a minha biografia, seja ela escrita por mim, autorizada ou não. O mesmo se aplica ao lateral direito Arranca Toco, do glorioso Clube Atlético Jesus me Chama.

Nada contra o Arranca, que até jogava direitinho.

Por que alguém perderia tempo lendo uma biografia¿

Ora, porque há interesse na vida e na história do biografado. Por exemplo, a história da vida de Beethoven, ou de Napoleão, por Emil Ludwig; o genial Churchill, o jovem Titã, de Michael Shelden e assim por diante. Há ainda as notáveis autobiografias: ainda recentemente me deleitei com a de Akira Kurosawa, ou a do próprio Churchill.

Quando o próprio biografado fala de si mesmo, há um componente delicioso: a autocrítica. Mas, vamos combinar que não é qualquer olimpiano que tem bala para escrever de si mesmo.

Já imaginaram uma autobiografia de Roberto Carlos¿ Seria insuportável. Ou de Caetano Veloso¿

Trabalhei com Ruy Castro na Folha e na IstoÉ. Considero sua pena e a de Fernando Morais, duas das mais brilhantes e lúcidas da língua portuguesa. Mas, isso não quer dizer que eu concorde com eles em tudo. Aliás, tenho certeza que os dois esperam de mim justamente a crítica e não a bajulação.

A biografia de Garrincha, escrita pelo Ruy, é uma obra prima. Não só pelo resgate do personagem, como pela forma como ela foi escrita. O fato da “alegria do povo” ser super-dotado, priápico e alcoolatra é de domínio público. Tirar o livro das livrarias foi um crime que a família perpetrou contra a verdade e a própria memória do biografado.

Nunca vi uma boa biografia de Edson Arantes do Nascimento. Confesso que me animaria muito em lê-la. Mas, certamente não me interessaria se ela fosse autorizada. Nada contra o Pelé. Gosto dele. Mas, tenho certeza que o ego do craque do século seria forte o suficiente para influir na verdade.

Definitivamente estou me lixando para Roberto Carlos, Caetano e Chico Buarque. Quem eles pensam que são¿


Esta discussão é ridícula!


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