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Garrincha e Pelé, na Copa de 58: dois personagens biografaveis |
Antes de mais nada, quero me desculpar com os poucos
seguidores deste blog por ter me mantido ausente tanto tempo. Problemas
técnicos e de inspiração. Apenas isso.
Chega a ser
impressionante o que se gasta de papel, tinta e espaço na mídia esta esdrúxula
discussão sobre biografias. Pior ainda é que a questão evolui para o direito da
privacidade, o poder dos olimpianos, é muita bobagem para relés mortais.
Vamos combinar,
quem tem notoriedade – e se locupleta dela – abre mão deste direito a
privacidade. Que conversa!
Ninguém em
sã consciência estará interessado em ler a minha biografia, seja ela escrita
por mim, autorizada ou não. O mesmo se aplica ao lateral direito Arranca Toco,
do glorioso Clube Atlético Jesus me Chama.
Nada contra
o Arranca, que até jogava direitinho.
Por que
alguém perderia tempo lendo uma biografia¿
Ora, porque
há interesse na vida e na história do biografado. Por exemplo, a história da
vida de Beethoven, ou de Napoleão, por Emil Ludwig; o genial Churchill, o jovem Titã, de Michael
Shelden e assim por diante. Há ainda as notáveis autobiografias: ainda recentemente
me deleitei com a de Akira Kurosawa, ou a do próprio Churchill.
Quando o
próprio biografado fala de si mesmo, há um componente delicioso: a autocrítica.
Mas, vamos combinar que não é qualquer olimpiano que tem bala para escrever de
si mesmo.
Já
imaginaram uma autobiografia de Roberto Carlos¿ Seria insuportável. Ou de
Caetano Veloso¿
Trabalhei
com Ruy Castro na Folha e na IstoÉ. Considero sua pena e a de Fernando Morais,
duas das mais brilhantes e lúcidas da língua portuguesa. Mas, isso não quer
dizer que eu concorde com eles em tudo. Aliás, tenho certeza que os dois
esperam de mim justamente a crítica e não a bajulação.
A biografia
de Garrincha, escrita pelo Ruy, é uma obra prima. Não só pelo resgate do
personagem, como pela forma como ela foi escrita. O fato da “alegria do povo”
ser super-dotado, priápico e alcoolatra é de domínio público. Tirar o livro das
livrarias foi um crime que a família perpetrou contra a verdade e a própria
memória do biografado.
Nunca vi uma
boa biografia de Edson Arantes do Nascimento. Confesso que me animaria muito em
lê-la. Mas, certamente não me interessaria se ela fosse autorizada. Nada contra
o Pelé. Gosto dele. Mas, tenho certeza que o ego do craque do século seria
forte o suficiente para influir na verdade.
Definitivamente
estou me lixando para Roberto Carlos, Caetano e Chico Buarque. Quem eles pensam
que são¿
Esta
discussão é ridícula!
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