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Nina, 15, graduada: dilema de uma geração em busca de afirmação |
Taí uma discussão que não tem
fim: qual é o limite da liberdade e do libertário¿
Fui criado e desenvolvi um
conceito primário de que os limites da liberdade estão nela mesma. Ou seja, a
liberdade de um cidadão acaba onde começa a de outro. Ou ainda um conceito mais
rudimentar de que a liberdade coletiva tem preponderância sobre aquela
individual.
E o libertário¿ Como se
ensina alguém a ser livre¿
Esta reflexão me assomou
diante da cerimônia de formatura da minha filha mais nova, a Nina, que sabe
Deus como, atingiu a graduação no ensino fundamental e ainda de quebra me descadeirou
com um impressionante trabalho sobre O Alienista, de Machado de Assis. Foi o
melhor presente de Natal que ela poderia ter me dado.
Minha filha é uma
guerreira. Este ano ela enfrentou a mudança para São Paulo e recebeu um impacto
tremendo com as manifestações de junho, que como um tsunami na mente das
pessoas, sobretudo nos adolescentes, arrasou o bom senso e impôs a idéia estapafúrdia
de que a democracia se faz pela via direta, nas ruas, e que nós dirigentes
públicos, com mandato ou sem, somos seres desprovidos de qualquer compromisso
social.
Muita gente boa, não só a
minha filha, começaram a dar tratos a esta bobagem. Um amigo querido a quem
respeito profundamente, chegou a me chamar a atenção para o fato de que as ruas
estavam por indicar um novo caminho e que a juventude estava se manifestando.
Bull shit!
Sem liderança, o caminho a
ser trilhado é o da barbárie e da confusão, que só interessa as classes
dominantes. Quem ensina isso é ninguém menos que Vladimir Ilitch Ulianov, o
Lenin.
Tá legal. Graduação de
ensino fundamental é muito mais uma babação de pais e avós do que qualquer
outra coisa. Mas, se vamos fazê-la, é justo que a façamos direito. Não tive o
privilégio da minha filha. Não me graduei no fundamental numa escola
libertária. Lembro-me que ajudei na celebração da missa e depois todos nós
vestidos com o uniforme habitual que nos havia acompanhado e torturado durante
os longos quatro anos do ginásio, participamos da cerimônia de “colação de grau”,
diante de nossos pais.
Foi a única que o velho
Nunzio participou e me lembro vivamente que ele não cabia de tanto orgulho. O
paraninfo da minha turma foi o professor Max, de Ciências. Um alemão que não
falava português e ensinava em inglês. Como ele se entendeu com o papai que só
falava italiano e se fazia entender como o Juó Bananieri, é um mistério.
Tá bom. Foi há muito
tempo. Mais de meio século. Éramos pobres.
Mas, alguma coisa se
perdeu não só na relação dos estudantes e de suas famílias com a escola. Como
da própria escola em relação a sociedade e ao conhecimento. Se educar é formar
cidadãos, há que se mostrar o norte e a responsabilidade do futuro. Rebeldia é
saudável. Romper os paradigmas (desculpem pela expressão) da sociedade, também.
Por outro lado, é bom saber por que, para quem e a quem interessa fazer isso.
Caso contrário, a sociedade vai se conformar em 140 caracteres e um bando de
gente defendendo uma utopia indefinida.
A família, a escola, e até
a Igreja, porque não, cumprem o papel de organizar esta barafunda.
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