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Brasil 1 x Alemanha 7: o que estes meninos do Mineirão tem a ver com a gente |
Muita tinta e muito papel foram gastos nas ultimas 24 horas para explicar o desastre do Mineirão ontem. Não vou falar sobre isso. Mas, sobre uma questão que provoca meus filhos, mais precisamente minha filha mais nova, e alguns dos meus amigos: por que não me identifico com a seleção brasileira.
Sou apaixonado por futebol. Acompanho com interesse os campeonatos daqui e de fora, principalmente o argentino, o italiano, o inglês e o alemão.
Gosto do futebol jogado, com todas as suas estratégias, com o brilho intenso dos jogadores, com a capacidade de decidir num arroubo. Quando o marketing e este maldito culto as celebridades passaram a ser a tônica, me desencantei.
Certa vez, estava na fila da companhia telefônica, na rua Sete de Abril, para pagar uma conta e percebi que atrás de mim, um senhor negro, muito bem vestido aguardava pacientemente a vez de se apresentar ao guichê e pagar a sua fatura. Era ninguém menos do que o grande Djalma Santos, bi-campeão mundial na Suécia e no Chile, um dos maiores em sua posição em todo o mundo e certamente o maior brasileiro.
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Djalma Santos: craque inesquecível na fila do tel. |
Tenho certeza que histórias como estas existem aos milhões. Mas, hoje são impensáveis. Qualquer cabeça de bagre se acha o máximo, deita a maior marra. Vive a bordo de um carrão, equipado com uma Maria Chuteira malhadíssima e se acha a bala que matou Kennedy.
Pobres coitados! Ganharão o galhardão da mediocridade.
Não há dúvidas que o futebol brasileiro precisa ser repensado. Reestruturado e reorganizado. Diria que este privilégio não é só nosso. Deveria permear o esporte na Argentina, no Uruguai e em toda a América Latina. Nossas seleções não podem ser formadas por jogadores que jogam na Europa, alguns desde a mais tenra
idade, e que não guardam relação nenhuma com a realidade das pessoas normais, terrenas, que vivem por aqui.
Desculpem, mas por mais talento que possua, não da para conviver com o fato de que Neymar receba um cheque mensal de USS 3 milhões por mês. Nem da para Ronaldo Fenomeno ser considerado gênio da raca, comentarista esportivo da principal rede de televisão brasileira. É uma inversão total de valores.
O futebol virou um grande negócio, um cassino, onde interesses econômicos maiores estão em jogo. A bola é meramente um acidente nesta história. E isso não começou no Brasil. Àqueles que não tem memória, lembro que na Espanha, os jogadores brasileiros tinham suas placas de anunciantes preferidas nos estádios para comemorar seus gols. E que daquela seleção, Edinho, Falcão, Batista, Cerezzo, Sócrates e Zico, entre outros, partiram para contratos milionários do futebol italiano. Isso apesar do desastre do Sarriá.
Reverter isso agora parece missão impossível. Mas, não custa tentar. As federações sul-americanas e a Concacaf deveriam organizar uma Copa América competitiva e interessante, a cada dois anos, com eliminatórias e tudo, ainda que tivessem de fazer isso sem os craques milionários da Europa. A Libertadores deveria ser um torneio ainda mais valorizado. O calendário deveria ser igual ao da Europa, com férias em julho e agosto, e temporadas bi-anuais. Os campeonatos regionais e nacional de base deveriam ser mais valorizados, com disputas transparentes e calendários conhecidos.
Ganhar ou perder faz parte deste esporte em que 22 marmanjos correm atrás de uma bola. O duro é perder para eles mesmos.
By the way, não amo odiar, nem odeio amar ninguém. Adoro o futebol bem jogado. Tenho orgulho das minhas paixões. E fico indignado quando tentam manipular meus sentimentos a favor de interesses que desconheço ou que não são os meus, ou das pessoas que estão a minha volta. Não acho que a Giselle Bundchen é a pátria na passarela, nem que o Fernando Meirelles é a nação atrás de uma objetiva.
Em 1982, quando a Itália ganhou de forma brilhante o Mundial da Espanha, a CGIL – Confederazione Generale Internationale del Lavoro – publicou um anúncio muito apropriado, e que me impressionou muito: “Você só se sente nacional quando vê a azurra em campo?”
É para se pensar. Aqueles meninos no Mineirão tem alguma coisa a ver com o cotidiano de milhões de brasileiros que acordam todo dia e que suam a camisa, amarela ou não, para ganhar o seu sustento e o sustento de sua família. Para fazer um pais melhor para seus filhos? Ou são pavões empedernidos que nunca ficaram na fila da telefônica para pagar a conta?
Futebol Brasileiro está falido.... Clube com dívidas milionárias, meses de atraso na folha de pagamento, com salário exorbitantes para jogadores ultrapassados e chinelinhos.
ResponderExcluirO atleta é formado aqui no Brasil, tendo que abandonar seus estudos em prol do futebol. Vai para a Europa com menos de 18 anos e por lá fica.
Suga por lá tudo que o esporte e patrocinadores tem para dar e quando volta ou é em final de carreira para ganhar mais alguns milhoes ou volta fracassado tentando se reerguer.
Por esses motivos que cada vez mais colocamos o pé na lama e o futebol brasileiro (sua magia e encanto) vão juntos.
A Federação alemã de futebol construiu essa geração lá atras, no planejamento de 1998, quando virão que precisavam se renovar.
O campeonato alemão sub 20 tem média de público maior que o da Serie A daqui.
Eles tem um programa de recrutamento de atleta que a federação alemã viaja o pais com um onibus pelos vilarejos dando aula de futebol para crianças.
Enfim, foi 7x1 como poderia ter sido 1x0, a porcaria dessa geração com a de 2006 e 2010 está intimamente ligada a gestão do futebol desse país.
http://globotv.globo.com/rede-globo/copa-do-mundo-2014/t/edicoes/v/alemanha-aposta-em-trabalho-nas-categorias-de-base-para-conseguir-bons-resultados/3401821/
ResponderExcluirVeja a matéria à partir do segundo minuto.
Vou adotar o "se acha a bala que matou Kennedy". Adorei.
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