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Anisio Teixeira: um dos pioneiros da Educação Pública no Brasil |
Uma das coisas que mais me
incomodam no que pode ser definido como modo-de-vida brasileiro é a constante
descoberta do óbvio. A constatação de uma verdade que sempre existiu e que de
tempos em tempos torna-se sensacional.
Alguns temas brasileiros são
tão recorrentes que datam da época do Império. Um exemplo¿ O desequilíbrio regional
entre as regiões Sul-Sudeste e Norte-Nordeste. É bem verdade que este tema se tornou
mais relevante graças ao brilho e a competência do professor Celso Furtado.
Outro tema tremendo que vira-e-vira
está nas mentes e nos corações brasileiros: a educação pública. O professor
Célio da Cunha, único historiador da Educação que eu conheço, relata que o
debate é secular. Ganhou destaque com o manifesto dos educadores no início dos
anos 30. E não faltaram defensores brilhantes desta aspiração nacional. Vou
citar apenas um: Anísio Teixeira.
Na mesma linha, o problema
crônico da saúde pública. A despeito do país ter contado com o concurso de
sanitaristas como Oswaldo Cruz, Emílio Ribas, Emílio Goeldi, entre outros,
ainda é difícil as pessoas entenderem que quando o cidadão chega até o hospital
é porque a política sanitária fracassou. Este debate data da República Velha.
O que o Brasil gastou de tinta
e papel na discussão destes temas ao longo de sua história republicana é uma
enormidade. A sociedade brasileira derrama um rio de lágrimas quando se depara
com a realidade da absoluta falta de estrutura para o desenvolvimento no
Norte-Nordeste. Com o drama dos fluxos migratórios.
Todos os anos aparecem
produções cinematográficas ou jornalísticas a denunciar que a educação pública
brasileira é ruim. Que os professores são mal pagos, que não há esperança entre
os jovens pobres. Que a saúde pública brasileira é um desastre. Hospitais
abandonados, postos de saúde superlotados, doentes nos corredores e assim por
diante.
Lágrimas e discursos
revoltados que duram um, talvez dois dias. Depois disso segue tudo como antes.
Salários medíocres para os professores, ações básicas de saúde reduzidas ao
mínimo por falta de recursos públicos, soluções milagrosas que advém do
voluntarismo de algumas organizações não governamentais e que jamais são
absorvidas pelo governo.
O Brasil parece aquele
personagem condenado a acordar sempre no mesmo dia. Ou a um paciente de
Alzheimer que toda vez que se confronta com a mesma realidade, se assusta com o
seu ineditismo.
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