quinta-feira, 8 de junho de 2017

A constante descoberta que se torna sensacional



Anisio Teixeira: um dos pioneiros da Educação Pública no Brasil





Uma das coisas que mais me incomodam no que pode ser definido como modo-de-vida brasileiro é a constante descoberta do óbvio. A constatação de uma verdade que sempre existiu e que de tempos em tempos torna-se sensacional.
Alguns temas brasileiros são tão recorrentes que datam da época do Império. Um exemplo¿ O desequilíbrio regional entre as regiões Sul-Sudeste e Norte-Nordeste. É bem verdade que este tema se tornou mais relevante graças ao brilho e a competência do professor Celso Furtado.
Outro tema tremendo que vira-e-vira está nas mentes e nos corações brasileiros: a educação pública. O professor Célio da Cunha, único historiador da Educação que eu conheço, relata que o debate é secular. Ganhou destaque com o manifesto dos educadores no início dos anos 30. E não faltaram defensores brilhantes desta aspiração nacional. Vou citar apenas um: Anísio Teixeira.
Na mesma linha, o problema crônico da saúde pública. A despeito do país ter contado com o concurso de sanitaristas como Oswaldo Cruz, Emílio Ribas, Emílio Goeldi, entre outros, ainda é difícil as pessoas entenderem que quando o cidadão chega até o hospital é porque a política sanitária fracassou. Este debate data da República Velha.
O que o Brasil gastou de tinta e papel na discussão destes temas ao longo de sua história republicana é uma enormidade. A sociedade brasileira derrama um rio de lágrimas quando se depara com a realidade da absoluta falta de estrutura para o desenvolvimento no Norte-Nordeste. Com o drama dos fluxos migratórios.
Todos os anos aparecem produções cinematográficas ou jornalísticas a denunciar que a educação pública brasileira é ruim. Que os professores são mal pagos, que não há esperança entre os jovens pobres. Que a saúde pública brasileira é um desastre. Hospitais abandonados, postos de saúde superlotados, doentes nos corredores e assim por diante.
Lágrimas e discursos revoltados que duram um, talvez dois dias. Depois disso segue tudo como antes. Salários medíocres para os professores, ações básicas de saúde reduzidas ao mínimo por falta de recursos públicos, soluções milagrosas que advém do voluntarismo de algumas organizações não governamentais e que jamais são absorvidas pelo governo.

O Brasil parece aquele personagem condenado a acordar sempre no mesmo dia. Ou a um paciente de Alzheimer que toda vez que se confronta com a mesma realidade, se assusta com o seu ineditismo.

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