segunda-feira, 6 de junho de 2011

6 de junho de 1944

Prestes a desembarcar: soldados aliados pouco antes do massacre em Omaha


Há 67 anos, a Europa estava nos estertores da II Guerra Mundial. No dia 6 de junho de 1944, as tropas aliadas – mais exatamente britânicas, americanas, francesas, polonesas, tchecas e iugoslavas – deram o golpe fatal na Alemanha de Hitler.

Ao contrário do que Hollywood e a história americana contam, o poderio tedesco já se esvaía desde fevereiro de 1943, quando o general Von Paulus rendeu-se ao general Georg Zhukov  em Stalingrado.

Desde então, o Norte da África, o mar Egeu, e metade da Itália estavam perdidos. Os alemães, que até então eram ultra ofensivos na sua frente oriental, tendo constituído uma linha de suprimentos de cinco mil quilômetros, cercado Moscou e Leningrado, levaram uma surra nas margens do Volga, em pleno Cáucaso. E desde então, passaram mais a se defender do que atacar.

Stalin havia implorado por um front no ocidente para aliviar o Exército Vermelho, mas depois de Stalingrado passou a ser o aliviador das tensões no Canal da Mancha. Com efeito, quando os aliados desembarcaram nas praias frias da Normandia, encontraram apenas tropas de segunda classe, romenos, búlgaros e húngaros. O grosso da Wermacht estava na União Soviética. Hitler confiava no seu comandante do front ocidental, o marechal de campo, Von Rumstead, um oficial de estirpe do exército alemão que odiava aos nazistas e ao Führer, a quem chamava de “pintor de paredes austríaco”.

O comandante da defesa na Normandia era o general Erwin von Rommel, herói de El Alamein e da campanha do Afrika Korps, em 1941. Havia uma convicção na inteligência alemã de que a invasão se daria em Calais, na parte mais estreita do canal, e seria comandada pelo general americano George Patton.

O comandante supremo aliado na Inglaterra, o general Dwight Eisenhower, sabedor da convicção alemã, faz com que a contra-espionagem inglesa espalhe o que Berlim queria ouvir. Rumstead foi instruído pelo próprio Hitler a manter o melhor de suas tropas no Interior da França, à espera do ataque. Por isso mesmo, não levaram a sério quando os aviões C-47 lançaram milhares de paraquedistas atrás das linhas de defesa alemãs, nas primeiras horas da madrugada daquele 6 de junho.

Cenário de Stalingrado: vitória soviética e recuo dos alemães
A surpresa veio com a luz do sol, a maré baixa, e a maior frota de transporte naval já reunida em toda a história: três milhões de soldados, 11 mil aeronaves e quatro mil navios. Deu quase tudo certo para os aliados, com exceção do desembarque na famosa praia de Omaha, onde a maré manteve-se alta, reduzindo o espaço de combate na praia, o que permitiu que uma casamata e quatro ninhos de metralhadores, além de artilharia leve, impingissem um verdadeiro massacre às tropas americanas comandadas pelo general Norman Cota. A descrição cinematográfica mais realista pode ser vista em O Resgate do Soldado Ryan, de Steven Spielberg.

Ainda que confusa, a estratégia de lançar paraquedistas por trás das linhas de defesa alemãs também confundiu bastante a defesa alemã. Com exceção dos soldados da 101, que erraram a zona de lançamento e acabaram caindo sobre a cidade de Le Port, Sainte-Mere-Eglise, onde um incêndio mantinha a população e as tropas alemãs acordadas. Foi um massacre. Esta cena está magnificamente retratada no clássico O Mais Longo dos Dias, de 1962, dirigido por Ken Annakin e Andrew Morton.

As cabeças de ponte na Normandia prenunciavam a libertação da França e colocavam um problema quase insolúvel para o Estado Maior Alemão: a partir de então os alemães teriam que dividir-se para enfrentar os ataques tanto dos soviéticos como dos britânicos, americanos e franceses. As tropas da Grécia, da Itália e da Croácia passaram a ficar isoladas.

Os generais alemães se dividiram. Boa parte deles acreditava que podia negociar um armistício em termos razoáveis. Mas, Hitler não queria repetir a desgraça de 1918 e passou a apostar tudo no que chamava de “nova geração de armamentos”. Na verdade, mísseis teleguiados e bombardeios impulsionados por jatos, além de artefatos nucleares que os alemães desenvolviam na Noruega ocupada.

A guerra na Europa terminou no dia 8 de maio do ano seguinte, 11 meses depois da invasão da Normandia. Poderia ter terminado antes, não fosse a insistência do marechal britânico Bernard Montgomery, que em novembro de 44 ordenou a fracassada invasão da Holanda, magnificamente retratada no clássico de  Richard Attenborough, Uma Ponte Longe Demais.

O fracasso na Holanda deixou americanos, argelinos e franceses expostos na floresta das Ardennes, em janeiro e fevereiro, e permitiu uma ligeira contra-ofensiva alemã que terminou tão logo o tempo se firmou e a RAF e a Força Aérea Americana deram conta dos panzers alemães. Contudo, este atraso permitiu que o Exército Vermelho chegasse em Berlim primeiro, o que agravou o pânico dos nazistas que temiam se render aos soviéticos.

O desembarque da Normandia e, antes, a vitória dos soviéticos em Stalingrado são as efemérides mais importantes da Segunda Guerra Mundial, na Europa. Um conflito que custou a vida de 25 milhões de seres humanos e manteve a humanidade por mais 40 anos em pânico temendo que a loucura de generais americanos ou soviéticos pudessem acabar com toda a humanidade.

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