sábado, 11 de junho de 2011

Por favor vamos ser educadores!

Assunção, capital do Paraguay: uma cidade muito charmosa e atraente

Fazia muito tempo que eu não visitava Assunção, a capital da República do Paraguay. A última vez foi quando o ERP mandou para o espaço o glorioso Augusto Somoza, ditador foragido da Nicarágua. Um justiciamento com um sabor agradabilíssimo. Ainda mais que a polícia do então ditador paraguaio, Stroessner, ficou completamente perdida. Tive que sair de lá, bem as pressas, o então embaixador brasileiro general Fernando Belfort Betlhem, me chamou na embaixada para dizer que não garantia minha segurança. Eu havia ridicularizado o ministro do Interior, um tipo que a história esqueceu chamado Pastor Coronel. Sai numa Kombi da falecida VARIG, coberto por um cobertor, até um 727 da companhia. Me ajudou bastante um engenheiro que respondia pelo consórcio que construía Itaipu e que vivia na capital guarani.
Hoje, Assunção é uma cidade moderna. Continua linda, com suas largas avenidas, suas praças bem cuidadas e seu comércio colorido. A visão soberana do rio Paraguay.
Lá fomos nós para a 40ª. Reunião de Ministros da Educação do Mercosul, que conclui a presidência rotativa do Paraguay.  Isso mesmo, 40ª. De concreto até agora? Bulhufas.
Gasta-se um dinheiro enorme, fala-se um monte de palavras bonitas, reitera-se a necessidade da integração regional, bla-bla-bla. E, no melhor estilo diplomático, não acontece nada.
Fiquei revoltado. E não me contive. Deitei falação no almoço. Fui apoiado por um simpático funcionário do Ministério da Educação do Equador e uma lindíssima assessora do Ministério da Colômbia. Argentinos e Uruguaios ficaram perplexos. Os primeiros porque ainda não entenderam que o passado fica no passado. É importante sim. Mas, fica lá. E os orientais, bem, os orientais ainda estão esperando a volta dos anos dourados, quando a carne e a lã catapultaram a revolução battlista dos anos 10.
Enquanto isso, nós brasileiros, paraguaios, colombianos e equatorianos damos um duro danado para tornar real a verdadeira revolução latino-americana, que se dará pela educação. Alguém tem dúvidas?
Mas, não vamos chegar a lugar nenhum enquanto estivermos submetidos a avaliações e estudos de organismos internacionais como OCDE, Unesco, Unicef e correlatos. Esta gente não está nem ai para a América Latina. 
Bela roba!
Vão querer me dizer que um menino de 10 anos acorda todas as manhãs em Helsinque ou em Seul  e encara a sala de aula com o mesmo propósito que um menino em Quito ou Medellin?
Meu amigo Luis Garibaldi, vice-ministro da Educação do Uruguay costuma dizer que eu sou ansioso. Combina com ele. Outro amigo, Gustavo Iaies, do Centro de Estudos de Políticas Públicas Latino-Americanas, de Buenos Aires, ao contrário, fica me colocando pilha.
Catsu, se não fizermos a integração e a revolução educacional agora, quando até o novo governo do Peru veio para o nosso lado, quando faremos?
Nunca as condições foram tão favoráveis. Exceção ao Chile que se bandeou, ou sempre esteve, recluso atrás da Cordilheira, podemos enfim falar a mesma língua da Patagônia ao Rio Grande e temos que começar logo com ações singelas. Querem ver?
1)   Um programa de intercâmbio de bolsas entre professores de português e de espanhol. No Brasil, o ensino de espanhol é obrigatório no ensino básico, e não há professores para isso.
2)   Criação e produção de livros didáticos que ensinem o português do Brasil para os vizinhos e o espanhol da América Latina para os brasileiros. Nada de Portugal e Espanha, o período da colonização acabou, faz 200 anos.
3)   Criação de um indicador de qualidade da educação nosso, que compare nossos países e nossas realidades. Não somos escandinavos, nem coreanos. Somos latino-americanos porra!
4)   Criação de uma escola de gestão educacional em Assunção, para formação de gestores latino-americanos, sem participação ou modelos de organismos estrangeiros.
5)   Criação de um fórum de universidades públicas latino-americanas  para coordenar as ações de pesquisa , intercâmbio de estudantes, pós-graduação, doutorados, reconhecimento de diplomas etc...
6)   Criação de um site com exposição perene das políticas públicas de educação nos países latino americanos, troca de informações, notícias, chats, etc...
Será que é tão difícil assim? Envolve tantos recursos que nossas economias não conseguem enfrentar?
Precisamos parar de ser diplomatas e assumir a posição de educadores. Já perdemos tempo demais. Se não, quando nossos netos nos cobrarem resultados, diremos que a integração foi ótima, mas nós perdemos tempo tomando umas “copas” .

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