domingo, 13 de abril de 2014

Tutto nel mondo è burla

A extraordinária montagem de Falstaff no Municipal de São Paulo:
 a farsa de Shakespeare revisitada com originalidade



Ficamos todos maravilhados. A estréia de Falstaff no Theatro Municipal ontem, sábado dia 12, foi uma apoteose. Cantores maravilhosos – este barítono Ambrogi Maestri é mesmo um escândalo de competência como cantor e como ator – cenários e encenação no tom certo, sem exageros, no tom perfeito da farsa que Boito reescreveu de William Shakespeare. Mas, me permitam chamar a atenção para um ponto: nada disso teria dado certo não fosse a eficiência descomunal de todos os 109 músicos que estavam no fosso sob o comando do maestro Neschling.

Que orgulho e que emoção conferir os sons que saiam do fosso. Os solos perfeitos, os tutti harmônicos, os andamentos precisos. Uma noite inesquecível.

Para quem não sabe, Falstaff é a última ópera de Verdi. O maestro estava perto de completar 90 anos, tinha 87. Trazia uma carreira de sucessos marcantes, a afirmação de uma escola e, sobretudo, uma humilde escalada de aprendizado. Encerrou a carreira com uma ópera cômica, distante da singeleza da Commedie dela Arte, com uma partitura notável na orquestração, na harmonia e na forma como dispõe instrumentos e vozes.

Bruno, nosso maestro do coro, obrigado irmão. Você está dando a São Paulo um conjunto maravilhoso. Sutil, penetrante, potente. Tenho certeza que na Carmem, em maio, vamos fazer barba, cabelo e bigode, com as massas corais que Bizet utilizou com tanta propriedade.


Temos coro e temos uma orquestra de respeito. Parabéns São Paulo! 

Uma grande noite com dois dos meus tesouros:
 a mais nova Nina e a mais velha Bianca


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