sábado, 4 de junho de 2016

Lá se vai o maior atleta do século XX


Na manhã de hoje Alá abriu as portas do paraiso: adivinhem quem ele encontrou lá


Tenho um grande amigo que se pauta tanto por posições politicamente corretas que até a seleção de um singelo picolé é avaliada sobre esta luz. Certa vez, revelava a ele minha paixão por Ernest Hemingway. Dizia a ele que me fascinava o vulcão que habitava o seu interior, a capacidade de unir o repórter ao escritor, a ficção a realidade, o narcisismo e o sentimento de derrota que permeou toda a sua vida e culminou com o suicídio.

Este amigo me olhou com aquele ar superior, próprio de quem tem a posse de um sentimento de verdade e sentenciou: mas este cara era um merda. Ele adorava boxe.

Confesso que fui atingido por um raio. Não só porque nutro pela amigo um sentimento de profundo respeito, mas porque eu também sou apaixonado pelo que chamam, ou chamavam, esporte dos reis.

O que há de tão errado no boxe¿

Hoje pela manhã recebi de outro amigo querido a notícia de que Cassius Marcellus Clay Jr. ou Muhammad Ali deixou este mundo.

Ali é certamente o maior atleta do século. Está em uma galeria onde despontam Pelé, Emil Zatopek, George Babe Ruth, Mark Spitz e Michael Jordan. Especificamente no ring, ele superou mitos como Joe Louis, Rock Marciano, Jack La Motta, entre outros.

Seu estilo era impressionante. Comportava-se como um bailarino. Lutava na ponta dos pés, com a guarda na altura do ventre e não parava um minuto sobre o ringue, circundava o contendor e vez por outro desferia seus potentes jabs, que segundo um estudo da época, equivaliam ao deslocamento de um bloco monolítico de concreto.

Na primeira hesitação do adversário, despejava seu repertório inteiro com uma velocidade espantosa e em segundos colocava-o na lona.

Arrogante, convencido, prepotente. Verdade. Mas, parecia humilde quando conversava sobre o esporte que o consagraria. Certa vez, em São Paulo, no Ginásio do Ibirapuera, apresentou-se numa clínica para uma dezena de lutadores. No embate final enfrentaria o campeão brasileiro dos pesos pesados, um capitão da PM de nome Luís Faustino.

Não era uma luta para valer. Apenas exibição. Faustino estava com capacete protetor e nutria uma enorme admiração por seu contendor. Trocaram jabs. Ali dançava em volta do brasileiro. Até que, sem se controlar, o americano despejou uma série de golpes. Quebrou o braço direito do seu oponente. Ficou mortificado sobre o ringue. Durante décadas sustentou a família do PM.

Fora do ringue, Ali se equiparou aos gigantes Martin Luther King Jr.  e Malcolm X na luta pelos direitos civis nos Estados Unidos. Confrontou o governo americano ao recusar convocação para servir na Guerra do Vietnam. Valeu-se da sua condição de deus do esporte para defender o seu povo e a liberdade.


Vai Ali, que Alá o receba no Paraíso.

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