segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Todo mundo sabia, ninguém fez nada

A desgraça anunciada: INPE avisou prefeitos e governadores da tragédia climática 
Desde os tempos dos índios Aymorés, aqueles que habitavam a Baía da Guanabara, sabe-se que em janeiro nas serras fluminenses chove muito e as encostas da chamada Serra dos Órgãos não agüentam e se transformam em um verdadeiro mar de lama, que invade as cidades da região com a força de um tsunami, arrastando tudo o que encontram pela frente.  Daí que, apesar da tragédia deste ano ter proporções chinesas ou indianas, não chega a ser uma grande novidade.
Foi muito bem o governador Sérgio Cabral quando disse que o Estado do Rio estava sendo vítima de um mal secular chamado populismo. Sem dúvida, um eufemismo, afinal quem legisla sobre a ocupação do solo é a municipalidade. Quem autoriza construções, emite habite-se, fiscaliza, etc, são as preclaras e eficientes prefeituras municipais. Quem deve responder por até agora mais de 600 mortos, um número infindável de desaparecidos, desabrigados e outros quetais são os insignes alcaides.
Em São Paulo também estão tentando tapar o sol com a peneira tucana. Ora, se a Sabesp, como de resto todo o planeta, sabia que este seria um janeiro de muita chuva, porque diabo não esvaziou os reservatórios antes da chuva. Deixou para fazê-lo quando os rios já estavam cheios e ainda se safou com o discurso malandro de que se não abrisse as comportas o estrago seria maior.
Várias cidades estão embaixo d’água, a desgraça só não é maior porque a defesa civil é um pouco mais eficiente. Ainda assim, as cidades do vale dos rios Juqueri, Atibaia e toda a bacia do médio Tietê estão tomadas pelas águas.
A informação mais irritante é de que o INPE-Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais- avisou com 48 horas de antecedência. Todos os prefeitos e governadores sabiam o que iria ocorrer e não tomaram nenhuma providência. No Nordeste, no meio do ano, diante do alarme, os governadores Eduardo Campos e Teotônio Villela, acreditaram na informação e evacuaram as cidades. Não houve vitimas.
Toda a regiao ficou inundada: de quem é a culpa
A gloriosa Maria Lydia, âncora da TV Gazeta, não teve pruridos em manifestar a inconformidade tucano-paulistana. Sobre o Minha Casa Minha Vida e sobre as providencias do governo federal, ela não teve dúvidas: “É tudo muito lento...”
É mesmo minha senhora. São pelo menos 100 anos em que a elite deste país criou um meio político absurdo, que serve e serviu apenas aos interesses de fazendeiros, industriais, comerciantes, banqueiros e quetais. E esqueceu-se da gente que trabalha, que vive pendurada nos morros, que enriquece esta camarilha há séculos.
Para mudar na velocidade que a avenida Paulista anda reclamando, só com uma revolução capaz de auferir onde as riquezas e os recursos deste país foram parar no último século. Aí as coisas andariam bem depressa.

Nenhum comentário:

Postar um comentário