segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

O paraíso no Atlântico

Visão do Paraíso: Assim que os navegadores definiram a nova ilha no século XVI
O arquipélago de Fernando de Noronha, 300 quilômetros para dentro do Oceano Atlântico a partir de Natal, 500 a partir de Recife, representa um destino marcado pelo conflito histórico, antigo e recente. Única ilha oceânica brasileira, ela encerra uma beleza natural impressionante e uma contradição premente.
Um exemplo disso é a Vila do Quixaba, hoje uma singela capela de Nossa Senhora, sei lá de que ou qual, e uma modesta construção. Este é um dos pontos mais emblemáticos da ilha, pois de lá se divisa a praia do Sancho e a baía dos Porcos, além da estonteante praia da Cacimba do Padre, paraíso de dez entre dez adeptos do surfe.
Quixaba: prisão e base antisubmarino
Mas, ali nos anos 30 havia uma série de construções caiadas, com telhado de palha, onde viviam 50 presos correcionais. Ou seja, o paraíso pode também ser o inferno. A vida destas pessoas, segregadas da família e desterradas da sociedade, começou a mudar quando os soldados norte-americanos desembarcaram por lá, em 1942.
Pois exatamente em Quixaba, montaram com a ajuda dos correcionais, uma bateria para monitorar o eventual movimento dos U-2, os temíveis submarinos alemães, que despencavam pelo Atlântico Sul com a missão de torpedear os navios aliados que abasteciam o front norte-africano.
Outra visão emblemática é do forte de Nossa Senhora dos Remédios, junto à vila homônima, onde o então governador de Pernambuco, Miguel Arraes, junto com outros líderes políticos, ficou preso por dois anos, incomunicável, logo após o golpe de 64.
Forte dos Remédios: prisão politica após o Golpe de 64
Aliás, os militares reinaram absolutos na ilha. Todos os seus habitantes eram considerados funcionários públicos, recebiam rancho, salário, apenas para atender os desígnios dos oficiais para lá destacados. Só eram proibidos de sair de lá. A não ser que caíssem em desgraça. E então eram embarcados para o continente sem nenhuma condescendência.
Hoje, Noronha é uma ilha ultra-bem cuidada. Só aceita 240 turistas. Há restaurantes excepcionais, destaque para a Pousada do Zé Maria, o Bistrô da Cacimba e o Ecológico. Maravilhoso o Museu dos Tubarões, que na verdade é um bar com alguma reminiscência sobre estes peixes vorazes.
A praia mais badalada é a praia do Sueste, no Mar de Fora, ao lado da espetacular praia do Leão, com suas duas correntes, disparado a praia mais bonita do mundo.  Serena a vista do Francês. Espetacular o azul do mar no Buraco da Raquel.
Não é o meu caso, mas para quem gosta de crepúsculos, vale a pena olhar a foto que a minha filha Nina tirou no Boldró, junto dos Dois Irmãos no Mar de Dentro.
Por do Sol no Dois Irmãos: o oceano imenso parece mais verde

Um comentário:

  1. A Nina precisava mesmo de um lugar bacana pra publicar suas fotos...!!!
    Mas esse chiaroscuro da historia e da geografia de Noronha ficou muito bom de ler e de saber.

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