quarta-feira, 13 de julho de 2011

Saudades da badalação justa

Dimitri Berlinsky: jovem violinista russo tocou em Brasília sem nenhuma badalação



Viver em Brasília tem suas vantagens. A maior delas é a distância do caos urbano que se instalou na maioria das capitais brasileiras. Também há que se falar sempre da qualidade de vida, pelo menos em termos de Plano Piloto. Mas, quando a coisa se traduz em vida cultural, a cidade mergulha em um caipirismo assustador.
Na noite de terça-feira, a CAPES promoveu um concerto comemorativo dos 60 anos de sua existência, com a Orquestra Sinfônica do Teatro Nacional. Nenhuma linha nos jornais locais sobre o programa, o solista, o regente, nada.
E aí vem a surpresa. O solista foi ninguém menos do que Dimitri Berlinsky, um violinista russo, considerado um dos cinco melhores arcos da atualidade. Não é toda hora que se tem o privilégio de ouvir um músico desta envergadura. E aí para uma platéia – como de hábito misto de melômanos abandonados e neófitos empedernidos --- estupefata, o rapaz deu um show como poucas vezes eu tive oportunidade de ver. Sua performance no Concerto em Mi Menor de Mendelssohn foi impressionante e a sensibilidade com que ele enfrentou o Concerto em Sol Menor de Max Bruch me fez cair o queixo.
Marcelo Ramos um dos bons expoentes da nova geração de regentes brasileiros, atualmente estudando em Cleveland, soube dar o equilíbrio e a leitura perfeita nas duas peças e ainda brilhou na condução da 7ª. Sinfonia de Dvorak. Ordenhou uma pedra, mas o resultado foi excelente, principalmente no Scherzo do compositor tcheco.
Meu amigo e irmão Luis Massonetto que nesta altura do campeonato está em Buenos Aires tem dito que somos todos saudosistas do século XX. Acho que ele tem razão. Eu pelo menos acho que tanto Berlinsky como Ramos mereciam um tiquinho a mais de badalação, como seria no século passado.

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