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Schmeling com Joe Louis antes da luta de 1936; com vocês sabem quem e a esposa na volta triunfal a Berlim e como paraquedista kamikaze na Grécia |
Meio assim de bobeira, peguei
ontem na HBO um filme alemão dirigido por Uwe Boll, que me trouxe à lembrança o
grande lutador alemão Max Schmeling, o Ulano do Reno, campeão mundial dos pesos
pesados entre 1930 e 1932.
Schmeling tem um cartel de
respeito: 56 lutas, 40 vitórias por nocaute, 10 derrotas e seis vitórias por
pontos. Tornou-se símbolo do regime nazista, sem ser nazista, e foi ingênuo o
suficiente para trabalhar contra um eventual bloqueio dos Estados Unidos às Olimpíadas de Berlim, em 1936.
Naquele ano deixou-se usar
como símbolo da raça ariana, ao vencer de forma surpreendente uma luta contra
Joe Louis, em Nova York. Curioso é que o regime nazista com temor de que o
Ulano do Reno seria massacrado tentou de todas as formas impedir o embate.
Schmeling trabalhou muito para
enfrentar o “Demolidor de Detroit”. Chegou à conclusão de que se conseguisse se
segurar no ringue até o décimo assalto, teria uma chance pelo cansaço de Louis.
Deu certo, no 12º assalto, conseguiu colocar dois cruzados de sua potente
direita e derrubou o flamante mito americano.
Mas, o Schmeling que voltou
para Berlim vitorioso era muito diferente do que partira. Os nazistas não se
conformavam com o fato de que ele era empresariado por um judeu Joe Jacobs. E
também torciam o nariz para o fato dele ser casado com a atriz e produtora
tcheca Anny Ondra.
Os nazistas queriam que a
vitória em Nova York fosse emblemática e como tal deveria continuar. Mas,
Schmeling entendia que Louis tinha direito a uma revanche.
Em 1938, a revanche se deu no
Yankee Stadium. Schmeling aguentou no ringue pouco mais de dois minutos. Louis
aprendera que a arrogância e a pretensão da vitória a qualquer momento poderia
custar caro. Quebrou uma vertebra e danificou um rim do alemão e retomou o
título.
Hitler ficou furioso. Ainda
mais porque descobriu que Schmeling fazia parte de uma organização clandestina
que dava fuga aos judeus alemães e austríacos. Com os olhos do mundo sobre o
Reich e sem poder tocar no ex-símbolo da raça, o Ulano do Reno foi convocado
como paraquedista e destacado para as missões mais perigosas possíveis.
O filme aliás é um flash back
muito criativo. Dado como morto na Grécia, já no fim da guerra, Schmeling
reaparece ferido em um hospital de campanha. Os alemães recuavam e estavam
sendo batidos pelos britânicos. O comandante alemão ordena então que o lutador-paraquedista
escolte um oficial inglês até um posto alemão, que já não existia mais, através
das linhas inimigas. Uma caminhada de 15 quilômetros, quase intransponível para
alguém que mesmo com uma preparação atlética invejável, ainda tinha uma bala
nos joelhos.
Desgraçadamente para os
alemães, entretanto, o oficial inglês era fã do esporte dos reis, reconheceu o
Ulano do Reno, e durante o percurso provoca o paraquedista alemão a contar sua
história. O filme é de 2010, dirigido
por Uwe Boll e foi batizado em português de “O Campeão de Hitler”. Está
disponível no Now.
Max Schmeling foi casado com
Anny Ondra até a morte da esposa em 1987. Ele morreu com 99 anos em 02 de
fevereiro de 2005. Com o fim da guerra,
tornou-se o primeiro distribuidor de Coca-Cola na Alemanha. Fez fortuna de novo,
tornou-se um filantropo, ajudou muita gente no boxe. Inclusive a um certo
lutador americano, deus do ringue, que morreu na miséria, chamado Joe Louis.