sexta-feira, 31 de março de 2017

A história revelada do Ulano do Reno






Schmeling com Joe Louis antes da luta de 1936;
com vocês sabem quem e a esposa na volta triunfal a Berlim
e como paraquedista kamikaze na Grécia




Meio assim de bobeira, peguei ontem na HBO um filme alemão dirigido por Uwe Boll, que me trouxe à lembrança o grande lutador alemão Max Schmeling, o Ulano do Reno, campeão mundial dos pesos pesados entre 1930 e 1932.

Schmeling tem um cartel de respeito: 56 lutas, 40 vitórias por nocaute, 10 derrotas e seis vitórias por pontos. Tornou-se símbolo do regime nazista, sem ser nazista, e foi ingênuo o suficiente para trabalhar contra um eventual bloqueio dos Estados Unidos às  Olimpíadas de Berlim, em 1936.

Naquele ano deixou-se usar como símbolo da raça ariana, ao vencer de forma surpreendente uma luta contra Joe Louis, em Nova York. Curioso é que o regime nazista com temor de que o Ulano do Reno seria massacrado tentou de todas as formas impedir o embate.

Schmeling trabalhou muito para enfrentar o “Demolidor de Detroit”. Chegou à conclusão de que se conseguisse se segurar no ringue até o décimo assalto, teria uma chance pelo cansaço de Louis. Deu certo, no 12º assalto, conseguiu colocar dois cruzados de sua potente direita e derrubou o flamante mito americano.

Mas, o Schmeling que voltou para Berlim vitorioso era muito diferente do que partira. Os nazistas não se conformavam com o fato de que ele era empresariado por um judeu Joe Jacobs. E também torciam o nariz para o fato dele ser casado com a atriz e produtora tcheca Anny Ondra.

Os nazistas queriam que a vitória em Nova York fosse emblemática e como tal deveria continuar. Mas, Schmeling entendia que Louis tinha direito a uma revanche.

Em 1938, a revanche se deu no Yankee Stadium. Schmeling aguentou no ringue pouco mais de dois minutos. Louis aprendera que a arrogância e a pretensão da vitória a qualquer momento poderia custar caro. Quebrou uma vertebra e danificou um rim do alemão e retomou o título.

Hitler ficou furioso. Ainda mais porque descobriu que Schmeling fazia parte de uma organização clandestina que dava fuga aos judeus alemães e austríacos. Com os olhos do mundo sobre o Reich e sem poder tocar no ex-símbolo da raça, o Ulano do Reno foi convocado como paraquedista e destacado para as missões mais perigosas possíveis.

O filme aliás é um flash back muito criativo. Dado como morto na Grécia, já no fim da guerra, Schmeling reaparece ferido em um hospital de campanha. Os alemães recuavam e estavam sendo batidos pelos britânicos. O comandante alemão ordena então que o lutador-paraquedista escolte um oficial inglês até um posto alemão, que já não existia mais, através das linhas inimigas. Uma caminhada de 15 quilômetros, quase intransponível para alguém que mesmo com uma preparação atlética invejável, ainda tinha uma bala nos joelhos.

Desgraçadamente para os alemães, entretanto, o oficial inglês era fã do esporte dos reis, reconheceu o Ulano do Reno, e durante o percurso provoca o paraquedista alemão a contar sua história.  O filme é de 2010, dirigido por Uwe Boll e foi batizado em português de “O Campeão de Hitler”. Está disponível no Now.


Max Schmeling foi casado com Anny Ondra até a morte da esposa em 1987. Ele morreu com 99 anos em 02 de fevereiro de 2005.  Com o fim da guerra, tornou-se o primeiro distribuidor de Coca-Cola na Alemanha. Fez fortuna de novo, tornou-se um filantropo, ajudou muita gente no boxe. Inclusive a um certo lutador americano, deus do ringue, que morreu na miséria, chamado Joe Louis.

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