quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Um silêncio ensurdecedor

Schanberg em ação no Camboja: relato das trapalhadas americanas para o NY Times
Muito apropriadamente o TCM está exibindo o clássico Gritos do Silêncio, a incrível história de Sydney Schanberg e Dith Pran, em meio a revolução do Khmer Vermelho no Camboja, no final dos anos 70. A história é rigorosamente verdadeira. E assustadora. O filme é bem feito e, com um ou outro acento exagerado, retrata muito bem a aventura destes dois jornalistas.
Schanberg é um chato. Aliás, o filme mostra isso. Mas, revela uma coragem impressionante. É dele a denúncia de que os americanos fizeram uma patetada no Cambodja, uma extensão do que o presidente Ford fazia no Vietnam. E é dele também a constatação de que o governo de Pnom Phen seria entregue a Polpot, um lunático, sanguinário, que lavou o país de sangue e matou mais de dois milhões de pessoas.
Dith Pran: fuga pela Tailândia
Estas histórias do tempo da Guerra Fria podem parecer malucas nos dias de hoje. Ainda outro dia, um ex-aluno, muito querido, me dizia que tinha visto um grande filme de ficção chamado Apocalipse Now. Tive severas dificuldades para dizer a ele que o mais importante trabalho de Francis Ford Coppola era realista.
- Não é possível que os americanos tenham feito tanta besteira.
Pois fizeram. E muita.
O Vietnam é uma marca muito funda na minha geração. Uma guerra sem explicação. Verdadeira carnificina. Matou milhões e milhões de jovens, dos dois lados. Para quem quiser valer-se do cinema para tentar entender esta grande confusão sugiro: Sob a névoa da Guerra; Apocalipse Now; Um Americano Tranqüilo e Nascido para Matar. Todos estão disponíveis nas melhores locadoras, livrarias, etc...
Mas, voltando ao Schanberg, fico me perguntando onde foi parar aquele jornalismo engajado, sem limite. O doido ficou no Camboja mesmo com o Khmer nas ruas, quase matou seu parceiro Dith Pran ( que fugiu a pé para a Tailândia, foi preso, etc...), tudo isso para, como ele disse, informar ao leitor americano o que o seu pais tinha feito de merda no Sudeste da Ásia.
Para quem não sabe, Schanberg foi correspondente e enviado especial do New York Times no Sudeste da Ásia.    

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