sexta-feira, 21 de outubro de 2011

O DIA D DO ENEM

6 de junho de 1944: invasão aliada na Normandia, um quinto do ENEM

Na noite do dia 5 de junho de 1944, em Londres, antes de decidir dar a ordem – GO! – para a invasão da Normandia, o general Dwight Eisenhower repassou todas os itens, a logística, as linhas de abastecimento, a situação da maré em cada uma das praias, as condições de vôo, a direção dos ventos, entre outras questões. Ao final perguntou ao general Bedell Smith:

- E se tudo der errado?

- Será um inferno!

Como se sabe, apesar de ser a mais planejada de todas as operações militares da história, com cerca de um milhão de soldados, houve 37 mil mortes e 172 mil desaparecidos. Isso porque deu certo!

Estatisticamente podemos dizer que 20% de baixas é bem aceitável, principalmente quando comparados aos números da Primeira Guerra e desde que nós mesmos não estejamos incluídos neles.

A cobertura jornalística destes grandes acontecimentos é sempre marcada por uma expectativa muito intensa. E, evidentemente, há que se guardar as devidas proporções. Não é toda hora que se invade a Europa. Mas, eu ainda me lembro da cobertura da implosão do edifício Mendes Caldeira, na junção da praça da Sé com a hoje extinta praça Clovis Bevilacqua.

Foi um grande frisson na cidade, até que na manhã de um domingo o prédio de 30 andares veio ao chão e fez subir uma imensa nuvem de poeira. Anos mais tarde, eu experimentaria uma sensação muito mais intensa ao percorrer as ruas de Beirute em um taxi e ver as edificações da cidade virem abaixo como se fossem feitas de papel, obra e graça das forças aéreas francesas e americanas. Aliás, até hoje não entendi porque a cidade tinha que ser bombardeada se não havia risco de ocupação. Mas, enfim....


Mendes Caldeira: frisson pela primeira implosão



Neste final de semana me cabe o papel de oficial de estado-maior numa das maiores operações civis do país: a realização de uma prova para nada menos do que 5,3 milhões de candidatos. O Enem 2011.

Estou absolutamente convencido que quando o ministro Fernando Haddad decidiu acabar com o vestibular e emprestar ao exame o poder de habilitar um candidato para o ensino superior, ele não tinha a menor idéia das forças poderosas que iriam brotar. A começar pelas chamadas classes médias, que não gostaram nada-nada desta idéia de que um estudante pobre poderia disputar a universidade pública em condições de igualdade.

Que absurdo é esse?

Além disso, tinha uma casta de professores de cursinhos, do ensino médio e até de universidades que completavam o seu orçamento nas famigeradas comissões de vestibulares. Dançaram.

Certamente o número de estudantes pobres que passaram a entrar no ensino superior, seja numa federal pelo SiSU (Sistema de Seleção Unificada), seja pelo Prouni (mais de um milhão de bolsas) ainda está muito aquém do que uma sociedade republicana, justa e igualitária poderia almejar. Mas, estamos no caminho.

Como os coleguinhas costumam escrever, “apesar de todos os problemas”, o Enem em duas edições garantiu o acesso a universidades e institutos federais de 166 mil estudantes. Cerca de 323 mil estudantes de baixa renda foram selecionados para o Prouni e mais de 528 mil foram certificados no ensino médio.

Números mais que expressivos, que consolidam uma política pública.
Neste ano, são 5,3 milhões de candidatos, mais de cinco vezes a força de ocupação da Europa naquele dia 6 de junho de 1944. E se a cabeça de ponte aliada não era superior, em linha reta, a 80 quilômetros, a prova amanhã será realizada em mais de 130 mil salas, 16 mil pontos de aplicação em 1.600 municípios.

Só o número de funcionários, eu incluído, que vão trabalhar na aplicação da prova é de 430 mil pessoas. Maior, com certeza, que os 380 mil soldados alemães que defendiam a França ocupada pela Alemanha nazista.

Sir Winston Churchill, o genial estadista e primeiro ministro britânico, costumava repetir um bordão do almirante Nelson, na célebre batalha da Dinamarca: “A Inglaterra espera que cada um cumpra o seu dever!”

Humildemente, nós todos brasileiros, também esperamos.
Além disso, torcemos para que os protagonistas habituais dos cinco minutos de fama, controlem o seu ímpeto.

Agora é o seguinte: GO!

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