quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Férias em Cuba!

Eu e a campana de saudação aos amigos: Viva Ernie!

A sala de visitas: decoração discreta e os trofeus

A piscina de Ava Gardner: crise de ciumes de Martha

O Pilar: personagem central da Ilha do Adeus

Cojimar: o cenário de O Velho e o Mar

Buena Vista Social Club: salsa de raiz



O mar ainda insiste em quebrar no velho Molecon, em Havana. E quebra com a mesma força de antes. Faz espuma por sobre a calçada.

Havana parece a mesma de sempre. Não fosse o movimento do mar e a sensação é de que por aqui o relógio parou. Da outra vez que estive aqui, em 2006, a cidade parecia deserta, não fossem alguns rapazes que jogavam beisebol nas ruas. Agora há de tudo, hordas de brasileiros, de japoneses, italianos, espanhóis, turcos, romenos e até estadunidenses. Um deles, claramente alimentado por corn flakes, escapou de levar umas bolachas da minha filha Bianca no elevador. Teve a petulância de dizer: “Parece que a árvore está renascendo!”

Os sinais do bloqueio econômico em Cuba são tremendos. É uma maldade! Mas, os cubanos seguem firmes, sem abaixar a cabeça, orgulhosos do modelo que construíram. Ernest Hemingway tinha razões para ter se apaixonado pela ilha. Elas são visíveis. Estão no ar. No sorriso de marfim da gente daqui. Na incrível gentileza com que recebem e no orgulho contagiante que transmitem. É como se todos nós latino-americanos sofrêssemos com a arrogância dos irmãos do Norte que insistem neste bloqueio maldito.

O primeiro dia em Cuba foi consagrado a Hemingway. Visitamos a Finca de la Vigia, uma fazenda extraordinária que ele comprou por US$ 18 mil, em 1939, para viver com sua amada Martha, a terceira esposa, e nada menos do que 57 gatos.

Foi em Havana, mais precisamente na Vila de Cojimar, muito próxima a sua finca, que Ernie se inspirou para escrever “O Velho e o Mar”, que lhe valeu o prêmio Nobel de Literatura. O lugar ainda existe. Está bem transformado, mas ainda é possível ver os barcos dos pescadores que saem na maré, pelo rio e ganham o Atlântico impenetrável.

Também é possível partilhar de um de seus lugares preferidos, o Terrazas, onde ele costumava preparar os peixes que pescava.

Foi na Finca que ele escreveu, entre outras coisas, dois de seus romances mais famosos: Por quem os Sinos Dobram e a Ilha do Adeus. Ainda está lá, ancorado na antiga quadra de tênis, o iate Pilar, personagem central de A Ilha. A célebre piscina onde Ava Gardner teria nadado nua está vazia. Mas, dá quase para ouvir os gritos da crise de ciúmes de Martha.

Ernie tinha um bar em cada cômodo da casa. E, em suas paredes, expos todos os troféus de caça que amealhou. Um de seus esportes preferidos. O outro eram as toradas. E há sinais delas em toda a parte. Aqui ele recebeu seus amigos de Hollywood: Errol Flynn, Spencer Tracy e Katherine Hepburn, John Huston, entre outros.

Toquei com força o sino no qual ele anunciava a chegada de seus convidados.
Depois o Hotel Ambos os Mundos, em Havana la Vieja, onde ele costumava se hospedar antes de comprar a Finca. O Floridita, onde tornou imortal o Daiquiri, e o Bodega del Medio, onde consagrou o Mojito. O dia terminou com um grande concerto do Buena Vista Social Club, no Café Taberna Amigos del Beny, um café com Añejo.

O dia consagrado a revolução gloriosa

Hoje o dia começou com um passeio por Miramar a bordo de possantes Coco Taxis, na verdade pequenas lambretas adaptadas para levar até três passageiros. Rejane e Bianca se encantaram com a obra de um artista cubano chamado Fuster, que imagina construir a maior obra do mundo em ladrilhos.

Depois uma sessão de fotos na Praça da Revolução e uma caminhada pela cidade. É impressionante como largas áreas da cidade estão urbanisticamente condenadas. É uma pena! Caminhando pela avenida Bolivar, com todos aqueles edifícios antigos abandonados, tive a impressão que estava vendo o fim do mundo em Madri. Era como se caminhasse pela Gran Via depois do holocausto nuclear.

A Nina não teve o menor interesse pelo Museu da Revolução. Para ela Camilo Cienfuegos, Fidel e Raul Castro, Ernesto Guevara e todos os heróis que se perfilam desde a quartelada de La Moncada não representam absolutamente nada. Fiquei esperando pela indefectível pergunta: “Pai, mas porque eles fizeram esta bruta confusão?”

Nem isso veio.

Nina, Rejane e Bianca se divertiram muito andando pela Peatonal del Obispo.
Me dei conta que era de noite em plena Plaza Vieja. Alguma coisa me lembrou  o Pátio de São Pedro, em Recife. Apesar do sorriso e da alegria dos cubanos, das luzes que estão apagadas por conta da economia de energia, milhares de turistas andavam como formigas pelas ruas estreitas de Havana, La Vieja. O som da salsa ritmava a fim do dia.

Viva Cuba! Vila a Revolução Socialista Cubana! Ainda estamos aqui.

Ernesto Guevara e Camilo Cienfuegos: herois da revolução

Todas as fotos são de autoria da Nina

Um comentário:

  1. Ótimo o texto. Queriamos estar aí com vocês. Aproveitem demais e tirem muitas fotos!

    Beijos

    Celo e Mary

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