sábado, 11 de dezembro de 2010

Uma viagem pela Irlanda

Fotografia premiada: história é ambientada na Costa Oeste da Irlanda
David Lean com Robert Mitchum e Sarah Miles: pele arrancada dos atores

Uma boa dica para quem não pretende passar o final de semana as voltas com compras de Natal e outras atividades tão comuns nesta época do ano. Vale a pena ver, ou rever, A Filha de Ryan, do cineasta inglês David Lean, produção britânica de 1970, vencedora do Oscar de Melhor Fotografia, para Freddie Young, e de ator coadjuvante para John Mills.
Trata-se de uma daquelas produções típicas de Lean, onde o dinheiro não faltou. Filmada em cenários reais da Costa Oeste da Irlanda, tem música de Maurice Jarre e uma fotografia que chega a arrepiar. Além de John Mills, que faz o retardado Michel, o elenco traz Sarah Miles, jovem e maravilhosa, Trevor Howard, Christopher Jones e um surpreendente Robert Mitchum, já sexagenário no papel de um singelo professor  de aldeia.
A história se desenvolve em 1916, quando o IRA decidiu aproveitar-se do conflito mundial no continente para apertar sua luta contra a dominação inglesa. Mas, na essência o que se conta é a história de uma menina mimada pelo pai, dono do pub da aldeia, que não se encaixa nos limites provinciais da aldeia, casa-se com o professor muito mais velho, mas acaba apaixonada pelo jovem capitão inglês, completamente neurótico, que policia a aldeia.
Apesar de ganhar dois oscars, mais que merecidos, A Filha de Ryan não fez um sucesso comercial tão retumbante como Doutor Jivago, Lawrence da Árabia ou a Ponte do rio Kwai, ou ainda o poderoso Passagem para a Índia, que viria depois. David Lean foi muito criticado e ficou mais de dez anos sem rodar outro filme. Ao receber a premiação da Academia, John Mills não pronunciou uma única palavra porque o seu personagem, Michel, era também surdo e mudo.
David Lean é um destes diretores de filmões. Usa e abusa de todos os recursos possíveis e faz com maestria. Diretor exigente, arranca a pele dos atores. É interessante por exemplo conferir a atuação de Barry Foster, o mesmo do Frenezy, de Alfred Hitchcock, no papel do mitológico líder irlandês Tim O’ Leary. Mas, é com Sarah Miles, que interpreta e doce e sonhadora Rosy Ryan, que o diretor inglês revela toda sua capacidade de fazer brotar um personagem, capaz de trazer a história até os dias de hoje.

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