terça-feira, 5 de outubro de 2010

Com os pés na lua!

Bagdad como foi vista pela CNN em 1991: bombardeio americano
 "Estar lá no meio de uma Guerra, transmitindo ao vivo atrás das linhas do inimigo é o equivalente jornalístico a pisar na lua”.
                                                                                                              Robert Wiener


Foi com este argumento que o produtor de teve Robert Wiener convenceu os diretores da CNN a mandar uma equipe para o Iraque, após a invasão do Kwait, em agosto de 1991, ainda que atrasados em relação as grandes redes americanas , ABC, CBS e NBC, que já estavam lá, as voltas com a censura e a prepotência das autoridades iraquianas.
Wiener levou consigo a mitológica Ingrid Formanek, uma das maiores produtoras do mundo. E, por uma curiosa fatalidade, quando a Força Aérea começou a bombardear Bagdá, ele tinha na mão uma equipe de gênios presos numa suíte do Hotel Al Rasheed: Bernard Shaw, Peter Arnett e John Hollimann, com um canal de voz direto e operante com Atlanta. Quem quiser saber mais sobre esta pérola jornalística do final do século XX, recomendo um filme chamado “Ao vivo de Bagdá”. Vale a pena!
Desde aquele dia, a CNN nunca mais foi chamada de little net. E Wiener pisou na lua.
Guardadas as devidas proporções, no mês passado quem pisou na lua foi a equipe de jornalistas que dirigem a Telesur, a tevê pública da Venezuela, que dedica sua programação à cobertura de notícias dos países latino-americanos.
Quem tem o privilégio de sintonizar a Telesur pela NET, pelo satélite ou por internet acompanhou passo-a-passo a tentativa de desestablização do governo democrático do presidente Rafael Correa, no Equador. Com imagens ao vivo, foi possível ver o discurso do presidente diante do quartel rebelde em Quito, a reação dos golpistas, o ataque contra os populares com bombas de gás lacrimogêneo, o seqüestro e a libertação.
A reação do povo equatoriano e o apoio das nações latino-americanas foram emocionantes. Para quem cansou de ver coronéis e títeres civis darem golpes múltiplos e variados na América Latina foi um alívio saber que este tempo passou.
Bravo Rafael! Bravo Equador!
Desgraçadamente a Telesur não é a CNN, nem tem o marketing da rede americana. Mas, que eles pisaram na lua, pisaram.
Aqui em Brasília, a emissora de Caracas entra na NET no canal 8. As vezes a programação é interrompida por alguma bobagem local. Mas, dá para ver pelo menos 80% da programação.
Seria fantástico se os gênios que administram a tevê pública brasileira dessem uma olhada no que nossos vizinhos venezuelanos estão fazendo. No passado, diziam que a Telesur era bolivariana, como se isso fosse um pecado mortal. Babavam na CNN, mesmo sabendo que Ted Turner não manda mais nela e que agora eles estão à serviço da Time-Warner.
Em outras palavras, ser bolivariano é um pecado. Obedecer aos ditames de Wall Street pode. Enquanto isso, a gente fica babando... Até a apuração das eleições na Telesur estava mais fidedigna que na tevê comercial brasileira, ponteada de bobagens e non-sense.
Que saco! Quando vão entender que para combater os Merval e Sardembergs é preciso ter uma tevê pública eficiente. Bolivariana ou não. Que importa? Não somos todos por uma pátria latino-americana fraterna e companheira?

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